Thi Bui é uma mulher vietnamita que imigrou para os EUA ainda criança. O Melhor que Podíamos Fazer é sua primeira graphic novel. Uma história que abre nossos olhos para como agimos com nossos pais, para a maternidade e as relações familiares em tempos difíceis.
Publicado no Brasil pelo Grupo Autêntica (Editora Nemo), a obra trata, em primeira pessoa, desde assuntos históricos a questões familiares do nosso cotidiano. O formato escolhido – os quadrinhos, ou graphic novel – deixa a experiência ainda mais prazerosa.
No início da obra, temos o foco na maternidade: o medo de ser mãe pela primeira vez, a relação de comparação entre mãe e filha em vários cenários. E é justamente a maternidade que dá o ponta pé para o resto do enredo dessa graphic novel tão curiosa.
“A responsabilidade é imensa. Uma onda de empatia por minha mãe me invade.”
Ter se tornado mãe gerou em Thi uma vontade de se conectar aos seus pais e conhecer o passado deles em um Vietnã pré e pós-guerra. O primeiro contato do leitor com os relatos é feito através da mãe de Thi, chamada no livro de Ma, uma mulher que tornou triste e resignada pelas dores da vida.
Em outros momentos, vemos a autora falando sobre sua infância nos Estados Unidos xenofóbico do pós-guerra; é desse ponto que conhecemos mais sobre seu pai. Com a narração de Bó, percorremos uma Vietnã antes da guerra, como era Ma e outras curiosidades que só um sobrevivente pode falar.
“Antes de pesquisar as origens do meu pai, nunca imaginei que esses acontecimentos horríveis estivessem ligados à história da minha família…”
Pela perspectiva de Thi, entendemos o passado doloroso de seus pais. Em resumo: se tornarem órfãos, a desigualdade social em um país em meios conflitos, doenças, perda prematura dos filhos, luta para fugir da guerra… São incontáveis momentos em que apenas pela leitura se conhece a grandeza da situação.
Esse peso histórico serve para nos mostrar como foi a Guerra do Vietnã de uma perspectiva de quem estava lá, e de que todo bônus tem seu ônus. Talvez o fator educacional seja o que mais instigue a ler a obra, e por ser em quadrinhos isso gera ainda mais interesse.
Portanto, O Melhor que Podíamos Fazer é uma obra curiosa, instigante, bem escrita, madura e emocionante que poderia facilmente ser inserida na vida acadêmica por sua carga e sensibilidade.