RESENHA: East of West – vol 1

Jonathan Hickman já é há alguns anos considerado um dos grandes nomes dos escritores de quadrinhos norte americanos. Sua carreira dentro da Image Comics começou com The Nightly News já sendo indicada ao Prêmio Eisner de 2008. De lá pra cá ele já concorreu também com Projeto Manhattan, Quarteto Fantástico e East of West, obra que começou a chegar ao Brasil em maio deste ano pela Editora Devir. Além disso, Hickman está fazendo um sucesso estrondoso com sua reformulação do universo mutante, que também está sendo publicada atualmente por aqui.

Com um projeto editorial praticamente idêntico ao de Projeto Manhattan, a publicação de East of West conta com encadernados de capa cartão, com cerca de 150 páginas, compilando por volta de quatro edições cada. Até as guardas das edições são parecidíssimas. Isso porque pode-se dizer que Hickman é um homem de hábitos. Ele não costuma ser muito prolixo, vai além de “escrever balões” e insere textos e infográficos dentro de suas edições – algo que ele também faz a cada edição dos X-Men, por exemplo. Isso oferece um grande diferencial para seus materiais, o de criação de mundos complexos. Mas isso pode ser tanto uma salvação, quanto uma armadilha. Se em X-Men ele manipula um universo longo e conhecido, quando falamos de uma série totalmente inédita, sua forma de escrever pode se tornar confusa e até mesmo lenta em alguns momentos.

Exemplos de páginas de East of West
Páginas de East of West

Em East of West acompanhamos uma espécie de linha alternativa na qual existe A Mensagem, uma espécie de “escritura” que prevê o fim do mundo, que foi concebida por três homens em diferentes lugares e momentos. Já Os Escolhidos são sete pessoas responsáveis por orquestrar o cumprimento d’A Mensagem, mesmo não sendo todos eles crentes. A premissa é bem clara em usar a religião como pretexto para destruição de um mundo pela mão dos grandes poderosos.

A primeira metade do encadernado pode causar algumas dúvidas, principalmente porque Hickman não se preocupa em apressar a explicação desse mundo e nos coloca no meio de uma ação já a meio caminho andado, com personagens sem grandes explicações além de nomes e lugares que mal sabemos o que significa. Existe mérito em deixar o leitor no escuro, o da possibilidade de grandes reviravoltas. Entender quem são alguns daqueles personagens e suas relações é um dos pontos altos desse volume. Claro que essas revelações acontecem sempre no fim de uma edição, o que faz ser muito difícil parar a leitura no meio.

A arte de Nick Dragotta é bastante limpa, algo até um pouco inusitado para uma história sobre o apocalipse, e muito eficiente. Ele é muito bom com expressões faciais e cenários, com algumas páginas de tirar o fôlego.

A colorização é outro dos pontos altos da HQ. Frank Martin utiliza paletas bem diferentes para cada situação, conseguindo levantar ainda mais a arte. Além disso, a diferenciação entre flashbacks e a linha atual é bastante interessante. Enquanto no presente temos sombras carregadas e cores mais vivas, para o passado ele usa quase que tons pastéis.

Páginas de East of West
Comparativo de colorização

Como mera introdução de uma longa história – são 45 edições no total, neste primeiro encadernado temos as quatro primeiras apenas -, o primeiro volume de East of West é eficiente em prender o leitor e instigar sobre o que virá depois. É preciso aceitar o ritmo que Hickman impõe e que as explicações daquele mundo nos serão dadas aos poucos, mas com bastante ação desenfreada até lá.

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