Netflix: heroína ou vilã?

A popularidade dos serviços de streaming vem crescendo mais a cada mês que se passa. Sabemos que, diferentemente de alguns anos atrás, a Netflix, por exemplo, não é mais a única empresa a oferecer séries e filmes exclusivos ao público geral. É natural que, ao perceberem sucesso em alguma prática, concorrentes pensem em oferecer as mesmas funções ao consumidor com um preço mais em conta, porém quase sempre falham quando o assunto é qualidade. Nesse caso, qual seria o motivo de, mesmo sendo pioneira no mercado, a instituição estar perdendo assinantes tão frequentemente?

Apenas em 2019, a empresa americana já cancelou oito seriados relativamente populares entre a audiência, que, por sua vez, foram criados ou co-criados por mulheres. Friends From College, Marvel’s Jessica Jones, One Day at a Time, Chambers, Orange Is the New Black, Tuca & Bertie, Trinkets e The OA são apenas alguns dos títulos originais que, supostamente, por “falta de audiência”, tiveram suas histórias interrompidas pela Netflix. Enquanto isso, a empresa acaba de fechar um contrato de, exatamente, 200 milhões de dólares com os criadores de Game of Thrones, para que as 8 temporadas pudessem, em breve, entrar para o catálogo do serviço.

Cena do último episódio de Sense8

Como outro exemplo de sucesso cancelado pela empresa, a diversificada Sense8 teve seu cancelamento anunciado no ano de 2017, enquanto, no ano seguinte, foram gastos 100 milhões de dólares para que Friends pudesse continuar sendo assistida através do aplicativo, por apenas mais dois anos. Seguindo essa lógica e considerando que o orçamento para cada episódio de Sense8 era de 9 milhões de dólares, e que cada temporada da série tinha, aproximadamente, 12 episódios, havia a possibilidade de usarem a verba gasta com Friends para produzirem uma última temporada para a outra série, apesar de, nesse caso específico, ter sido produzido um último capítulo especial de duas horas para que a história tivesse um final digno.

Em consequência das constantes decepções de grande parte do público em relação às ações da Netflix, serviços similares (Telecine Play, HBO Go, Amazon Prime, entre outros) vem ganhando força no mercado, juntamente com as diversas emissoras de TV estado-unidenses que têm criado o hábito de adquirir os direitos das produções abandonadas pelo serviço.  Existem várias teorias sobre os benefícios e malefícios que esse aumento no número de opções oferecidas ao consumidor, porém uma coisa é certa: quanto mais empresas surgirem, maior será o preço que teremos que pagar para colocarmos nossas séries em dia.

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