CRÍTICA: Um Espião Animal

Um Espião Animal, nova animação da Blue Sky e a última com a logo da falecida 20th Century Fox (#RIP), estreou dia 23 de janeiro por aqui e não é somente uma história de missões impossíveis, mas sim uma história que nos traz a seguinte questão: até quando o nosso orgulho deixa de aceitarmos a ajuda de pessoas, mesmo que elas sejam consideradas “esquisitas” por muitos. Todos precisam de uma ajuda, até o melhor espião do mundo!

A história gira em torno de uma armação em que Killian (Ben Mendelsohn) fez para incriminar Lance Sterling (Will Smith em inglês e Lázaro Ramos em português), tornando Lance procurado pela promotora da Agência, a Marcy (Rashida Jones em inglês e Taís Araújo em português). Precisando de ajuda desesperadamente, ele vai até a casa de Walter (Tom Holland), um jovem gênio inventor que ele mesmo demitiu e que acaba tomando uma fórmula secreta pelo qual não imaginava que viraria pombo. Daí começa o plot central da história.

A animação tem como elenco os já citados Will Smith e Tom Holland, Rachel Brosnahan, Karen Gillan, Rashida Jones, DJ Khaled, Ben Mendelsohn e Masi Oka. A direção fica por conta dos diretores Nick Bruno e Troy Quane, aliás, vieram à CCXP19 e falaram um pouco sobre o desenvolvimento da animação, além da divulgação de clipes do filme.

Painel de ‘Um Espião Animal’ na CCXP19 com a presença dos próprios diretores Nick Bruno e Troy Quane (e de brinde alguns pombos na platéia, rs) (Natália Lima/Reprodução)

Um Espião Animal vem do mesmo estúdio que nos trouxe as franquias Rio e Era do Gelo, então espera-se um visual de encher os olhos, com uma história cheia de humor e familiar, com uma pitadinha de charme. E Um Espião Animal é isso e muito mais. Em questão de roteiro, ele além de possuir algumas referências às produções hollywoodianas como a série Breaking Bad ‘ITS SCIENCE, BRO’ por exemplo, a dinâmica dos personagens é muito boa principalmente entre os protagonistas (e não digo apenas de humanos), trilha sonora, muitas cenas de ação, humor na medida certa (sem exageros) e principalmente o fato de trazer uma questão que fica um tanto quanto batida para nós: você é tão bom o suficiente para que não precise de ajuda, mesmo que seja por pessoas que você nunca pensaria em pedir? Você apoiaria as ideias das pessoas, mesmo as ideias sejam ‘fora de eixo’ e vindo de seus amigos ou não? E por último e não mais importante: Você acredita nas pessoas? Em seus sonhos, em suas bondades de fazer um mundo melhor? Questões como essa são ditas por aqui, dando um toque a mais no roteiro, um toque mais familiar, com uma identificação do espectador.

Em relação aos personagens, em grande parte eles são bem construídos, nós entendemos o porquê de Lance Sterling ser o melhor espião do mundo (que AMEI o fato de ser um espião negro), da genialidade (e bondade!) não compreendida do inventor Walter, Marcy ser uma promotora durona e ter uma equipe especial e por fim o porquê de Killan ter feito a armação para Lance e é aí que vem o ponto negativo: vilões. Poderiam ter trabalhado mais no vilão em um caminho totalmente diferente de outras animações que estamos acostumados, mas não rolou. Ele bateu com a trama de vingança e fica por aí. Killan tinha um potencial muito grande, porém foi muito mal aproveitado infelizmente e entrou por hall de vilões genéricos. Além de Killan, também tivemos o Kimura, outro vilão que também poderia ser trabalhado mais, porém seu “arco” terminou de um jeito presunçoso, o que é uma pena para ambos os vilões. Só que não são apenas os humanos que roubaram a cena, quem diria que os pombos não iriam ter destaque por aqui? Com toda certeza o trio Amôre, Jeff e Zóio Doido têm absoluto destaque. O trio junto com Lance e Walter arrancam boas risadas, mas risadas vindas de piadas naturais e não de piadas “vazias ou forçadas”, fora que os pombos têm uma GRANDE importância no final! Adendo* a transformação de Lance em pombo é divertidíssimo!

Da esquerda para a direita: Jeff, Amôre e Zóio Doido (Blue Sky/Reprodução)

O visual das animações da Blue Sky não deixa a desejar, não é mesmo? E aqui não é diferente. A intro do filme é completamente envolvente, as cenas de ação ficaram de encher os olhos e o que mais me chocou foi o fato deles se preocuparem com o físico e gestual dos personagens em seus dubladores: parecia que eu estava olhando o Will Smith e Tom Holland na tela. A trilha sonora é envolvente, principalmente nas cenas de ação, tornando uma junção muito boa (com uma breve participação de TWICE, haha).

Da esquerda para a direita: o inventor Walter Beckett (Tom Holland) e o super espião Lance Sterling (Will Smith) (Blue Sky/Reprodução)

Eu gostaria de ressaltar a dublagem brasileira que foi muito bem feita, trazendo gírias típicas daqui do nosso país e isso contribuiu bastante ao timing dos atores Lázaro Ramos e Taís Araujo. Não é a primeira vez de Lázaro, por exemplo, ele dublou recentemente a animação The Grinch da Universal Pictures.

O casalzão Lázaro Ramos e Taís Araújo ficam por conta da dublagem brasileira de Lance Sterling e Marcy Kappel.

A animação como um todo gostei bastante. Fui assistir sem expectativa e fui surpreendida positivamente. É como eu disse lá no começo: é uma animação divertida, familiar e charmosa, devido aos personagens empáticos e situações familiares que podem condizer com a convivência de cada espectador. Indico demais essa animação, por além de trazer assuntos que são batidos, também traz protagonismo negro refletido na parte do herói e que por muitas vezes são retratados como vilões (mesmo que Lance tenha uma personalidade um tanto quanto “dura”).

Aproveita esse finalzinho de férias e vai até um cinema próximo da sua casa para assistir. Vocês não vão se arrepender!

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