The Politician – Crítica

Quando somos apresentados a uma nova série de temática jovem, a idealização da típica história monótona, que se passa em uma escola qualquer durante o ensino médio, alcança nossas mentes quase que imediatamente. Afinal, em um cenário no qual o público com disponibilidade para maratonar conteúdo visual é majoritariamente adolescente, nada mais lucrativo do que abordar um contexto vivido diariamente por essas pessoas, certo? Surpreendentemente, carregando o título de mais novo seriado original da Netflix, The Politician apresenta, sim, essa característica, porém de maneira engenhosa e extremamente bem elaborada.

Com Ben Platt mostrando excelência em sua performance no papel do milionário Payton Hobart, e mais um extenso leque de renomados nomes de Hollywood, The Politician também conta com um grupo de novas personalidades, que prometem deixar sua marca no cenário cinematográfico estado-unidense. Em questão de representatividade e abordagem de assuntos pertinentes, a série conta, entre muitos outros aspectos, com o ator transsexual Theo Germaine e a atriz Rahne Jones, que, por sua vez, é uma das duas únicas negras no elenco, reforçando o fato dos atores escolhidos serem, em sua maioria, brancos. No entanto, a narrativa apresentada na primeira temporada se passa na Saint Sebastian High School – uma escola elitizada na Califórnia, na qual os estudantes mostram serem ricos mimados e apresentam, diariamente, problemas fúteis e facilmente resolvíveis, assim podendo configurar a falta de diversidade racial como uma crítica à distribuição desigual de renda para as minorias nos Estados Unidos.

Ao associar a presença de personagens com necessidades especiais, diferenças de gênero e famílias desconfiguradas ao contexto politizado e ambicioso com o qual a grande maioria deles lida diariamente, o diretor Ryan Murphy conseguiu, de maneira pouco vista antes, unir conflitos típicos da adolescência a temáticas adultas muito discutidas atualmente. Controle, ambição e mentiras se mostraram a combinação perfeita para representar não apenas como funciona uma corrida política, porém também para simbolizar o falso estoicismo por trás de uma figura bem sucedida, em qualquer aspecto social. E esta é uma série de comédia, portanto, prepare-se para se divertir bastante no meio disso tudo.

The Politician será, muito provavelmente, renovada para uma segunda temporada, uma vez que toda a estrutura para um enredo um tanto quanto diferente (e, na opinião da autora, mais interessante também!) já foi pré-estabelecida no último capítulo recém lançado. Assim sendo, os oito novos episódios do seriado definitivamente merecem o mesmo reconhecimento recebido pela grande maioria das produções lançadas pela Netflix, que, apesar de certos erros, ainda consegue mostrar sua capacidade de disponibilizar conteúdo de qualidade ao público.

 

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