ANÁLISE: Stranger Things 3

Depois de quase dois anos de espera, foi liberada, nesse 4 de julho, a tão aguardada penúltima temporada de Stranger Things. Pode parecer uma data simples, mas esse lançamento ter ocorrido no dia da independência americana é um fator fundamental para entendermos um dos primeiros e maiores mistérios apresentados nesses 8 episódios. Junto com, é claro, a evolução no arco das crianças mais queridas da Netflix e do nosso conhecido Devorador de Mentes.

O primeiro episódio da temporada tem início em uma misteriosa base secreta estrangeira, e o envolvimento das pessoas que trabalham ali com o lado maligno da história é deixado explícito logo de cara. Alguns minutos depois, descobrimos que aquela base pertence ao exército da então União Soviética, e é nesse momento que o patriotismo americano, representado exatamente pelo dia 4 de julho, começa a se tornar aparente.

A segunda temporada da série já havia usado uma data comemorativa estado-unidense (Halloween) como tema adicional para seu roteiro, envolvendo mais monstros e o tradicional “doces ou travessuras” . E qual seria uma melhor forma, para os diretores norte-americanos, de representar nacionalismo, do que fazer com que os inimigos políticos do país fossem representados como os vilões da história? Para completar este raciocínio: a nova temporada se passa no ano de 1985, ou seja, no período da Guerra Fria – o que intensifica ainda mais a lógica das várias propagandas anti-comunistas apresentadas ao longo dos episódios. Inteligentes, né?

Winona Ryder como Joyce Byers e David Harbour como Jim Hopper.

Deixando a diplomacia de lado, os novos capítulos da série também possuem outro foco importante, que, por sua vez, talvez seja um monstro mais assustador do que aqueles que já havíamos visto anteriormente: crescer. No auge de sua adolescência, Eleven, Max, Mike, Will, Lucas e Dustin se deparam com alguns conflitos que, antes, não eram problemas para o grupo de amigos. Agora, o arco dos personagens conta com o envolvimento da maioria em relacionamentos amorosos, além dos mesmos estarem desenvolvendo pensamentos críticos e portanto, discordarem uns dos outros constantemente. O surgimento dessas opiniões fez com que assuntos importantes pudessem ser discutidos entre as crianças, como ideais feministas e conversas sobre comportamentos abusivos. E, aproveitando o assunto, a temporada também introduziu a primeira personagem LGBT+ da série!
Maya Hawke como Robin.

Assim como nos capítulos anteriores, a história foi retomada lentamente, até que os personagens se dividissem em grupos e conseguissem, separadamente, informações sobre a situação com a qual estavam lidando. Com o constante crescimento do número de protagonistas regulares na série, a quantidade desses grupos e de seus integrantes aumenta, possibilitando, portanto, uma maior variedade de diálogos e de desenvolvimento entre cada um deles. Há quem não goste dessa divisão, porém, sem a intimidade entre cada um proporcionada por ela, não teríamos as cenas em que foram feitas ótimas referências aos personagens da DC Comics, por exemplo. E isso seria uma pena.

Após todo o desfecho da história e de mais uma vitória dos nossos queridos personagens sobre as perigosas criaturas do mundo invertido, alguns questionamentos surgiram. Estaria Jim Hopper realmente morto? Qual o motivo para os poderes de Eleven estarem se esgotando? A quarta e, supostamente, última temporada da série, promete esclarecer todas as nossas dúvidas em relação ao desfecho dessa história, além de introduzir novamente nosso conhecido Demogorgon como mais uma das ameaças que poderão surgir. Ainda não temos uma data para o lançamento desses episódios finais, porém, uma coisa é certa: mesmo que não pareça possível, temos cenas mais emocionantes do que a carta de Hopper para sua filha por vir.

 

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