Live Actions: perda de tempo ou uma amostra do futuro?

Se você acompanha as notícias do mundo geek, provavelmente já se questionou sobre a onda de live actions que tem surpreendido Hollywood já há alguns anos. Quando traduzido do inglês, esse conhecido termo pode ser resumido em apenas uma palavra: vida. É essa a proposta das adaptações que tem tomado conta das telas de cinema ultimamente. Basicamente, os filmes buscam, de maneira chamativa e alegre, recriar histórias propostas por roteiros que, antes, pertenciam apenas às animações, com a proposta de torná-los mais atuais e introduzi-los, na grande maioria das vezes, ao mundo real.

Desde 1994 – ano de estreia da adaptação de O Livro da Selva, o primeiro live action lançado nos cinemas – o público tem lidado com essa onda de realidade cinematográfica de maneira crítica, porém receptiva. Na verdade, até o ano de 2014, quando Angelina Jolie impressionou os espectadores com sua performance no papel de Malévola, a companhia havia apresentado apenas quatro outras produções que compartilhavam a ideia de trazer histórias clássicas ao mundo real. No entanto, após o sucesso do filme, outros dez roteiros foram planejados e/ou lançados somente pelos estúdios Disney, sem contar com os outros 12 títulos que ainda não possuem uma data de estreia e, é claro, com as adaptações produzidas pelas demais companhias de cinema.

Qual seria, então, o motivo dessa insistência tão repentina de Hollywood em relação à retomada de roteiros antigos? Bom, basicamente, ao lado dos nossos queridos filmes de herói e de produções consideradas parte do gênero “fantasia” (Senhor dos Anéis, Star Wars, entre outros), as animações estão entre as categorias mais lucrativas do cinema. Procurando Nemo, por exemplo, fechou a bilheteria mundial com mais de um bilhão de dólares, se tornando, portanto, o lançamento de mais sucesso da Disney/Pixar até então. Seguindo este raciocínio, Malévola arrecadou, mundialmente, 758,5 milhões de dólares, ultrapassando o lucro de diversos filmes animados já lançados e, provavelmente, superando as expectativas dos diretores e demais profissionais envolvidos com a criação dessa história.

Apenas com esses poucos dados, já é possível criar um raciocínio em relação à febre dos live actions e a razão de seu sucesso. Afinal, é bem menos trabalhoso recriar histórias que já possuem roteiros, trilhas sonoras, cenários e personagens relativamente planejados do que produzir um conteúdo nunca visto antes, certo? Apesar de nem sempre apresentarem menor custo de produção ou maior lucro que os filmes animados, os estúdios Disney (e, consequentemente, várias outras empresas vinculadas à Hollywood) parecem confiar no preceito de que, ao recriarem obras conhecidas não só por crianças, porém por toda uma geração de jovens e adultos, a interação com o público será maior e, portanto, o sucesso dos lançamentos também.

Imagem retirada do portal THE DISINSIDER, imaginando a atriz Halle Bailey na animação de “A Pequena Sereia”

A popularidade das adaptações realísticas com as quais estamos aprendendo a conviver não significa o fim dos filmes animados como os conhecemos e amamos. Pelo contrário – a coexistência dos dois gêneros apenas faz com que as empresas responsáveis pelo planejamento desses longas enriqueçam mais a cada dia, nos garantindo mais sucessos para o futuro. Não sabemos se a qualidade dos roteiros de ambos os gêneros será alterada com o tempo, porém, mesmo que seja, podemos contar com uma vantagem: os live actions trazem a possibilidade de uma maior representatividade entre os clássicos do cinema animado, desconstruindo, por exemplo, a ideia de superioridade branca na mente do público infantil e, assim, contribuindo para o aumento dessa celebração da diversidade, tanto no mundo real quanto na fantasia, nas décadas que estão por vir.

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