CRÍTICA: Turma da Monica – Laços

Muito se fala sobre adaptações de histórias em quadrinhos para o cinema nessa última década. Algumas se tornaram filmes cults, outras são consideradas de qualidade duvidosa, já outras, até mesmo sendo verdadeiros fracassos, se tornaram uma verdadeira febre – desde o lançamento de Homem de Ferro (2008). O universo Marvel, e o universo DC conquistam fãs pelo mundo todo com recordes de bilheteria e dando espaço para filmes de quadrinhos menores, mangás e graphic novels. Um exemplo disso é o recém lançado “Alita: Anjo de Combate” e a anunciada adaptação do Akira.

Sabendo da rentabilidade das adaptações de quadrinhos, porque não uma do nosso maior produto nacional do meio? A “Turma da Mônica”.

Vários de nós fomos alfabetizados ao ler os quadrinhos da turminha criada pelo Maurício de Souza. Quem não tem, pelo menos, uma história sobre como suas aventuras e planos infalíveis marcaram nossas vidas?

O cinema nacional já contava com uma adaptação de quadrinhos desde os anos 90, com dois filmes lançados sobre “O Menino Maluquinho” e uma adaptação recente de “O Doutrinador” – quadrinho independente sobre um justiceiro brasileiro.

Quando anunciada, a adaptação que prometia se basear na graphic novel “Laços”, de Vítor e Lu Cafaggi, gerou bastante desconfiança. Seria mesmo necessário levar a Turma da Mônica para uma nova mídia? O filme prova que sim, não só necessário como também recompensador.

O elenco principal, formado por Kevin Vechiatto (Cebolinha), Giulia Benite (Mônica), Gabriel Moreira (Cascão) e Laura Rauseo (Magali) é a verdadeira jóia encontrada no filme, que talvez, não funcionaria sem eles. A química das crianças em cena é a perfeita transfusão das páginas do papel para a tela. A personalidade dos personagens e a provação que cada um passa são evidentea na adaptação, e a provação que cada um passa, encarando seus medos pela turma, é de deixar qualquer fã animado.

O elenco adulto que conta com estrelas como Paulinho Vilhena (Seu Cebola) e Mônica Iozzi (Dona Luisa) aparece apenas quando necessário, e esse é um dos méritos do filme, visto que são apenas a “escada” para que a turma tenha seu protagonismo. O personagem Louco não aparece na graphic, mas sua presença no filme (não é spoiler!) traz um caráter lúdico, que mesmo não sendo necessária, não se desconecta do propósito principal da trama: firmar os laços entre os quatro principais.

A direção do premiado montador, Daniel Rezende – que fez sua estreia na direção em “Bingo: O Rei das manhãs” – é um dos triunfos do filme. Rezende sabe como criar uma cena em que não precisamos de falas para reconhecer a personalidade de cada personagem, mas sim apenas gestos e olhares, um super trunfos também dos atores mirins!

A referência é bem clara: “Goonies” e “Conta comigo”, clássicos da sessão da tarde oitentista que transmitem o clima aventuresco que vemos em “Laços”, mas ainda assim, o filme tem própria personalidade, mantendo o bairro do Limoeiro como uma cidade além da presença do tempo, com casas coloridas, praças cheias de crianças e telefones com fios. É atemporal.

Para fãs que gostam de referências, o filme é um prato cheio. Xaveco, Xabéu, Jeremias, Titi, Aninha, Maria Cascuda, Quinzinho e até a Maria Cebolinha marcam presença. Referências incríveis ao Jotalhão, Horácio, Cranicola, e principalmente o Papa Capim, são uma verdadeira refeição robusta, do tipo que a Magali adoraria provar.

O Floquinho sumiu e a turma precisa enfrentar sozinhos os perigos de uma floresta e a temível cabana do homem do saco. Apenas assim podem salvá-lo.

Sem saber, acabam com os planos malignos de uma empresa de cosméticos que abusa de animais, tema importantíssimo atualmente, e reforçam seus laços de amizade em uma aventura deliciosa, prazerosa e nostálgica.

“Turma da Mônica: Laços” já está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil.

É um filme indispensável para todo mundo que leu ou lê a “Turma da Mônica”.

Agora, se você nunca leu, pode confiar, o filme também irá lhe agradar.

 

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