CRÍTICA | Pânico homenageia o clássico e inova o gênero slasher

“Olá, leitor… Você gosta de filmes de terror?”

Quem imaginaria que 11 anos depois do último filme, a franquia do Ghostface iria ter mais um filme, só que dessa vez com uma história mais remodelada aos tempos atuais e com cenas mais brutais dos assassinatos e claro, sem deixar de esquecer a essência que fez com que Pânico tornar-se a franquia de filmes slash mais adorada pelos fãs, não só de terror, mas de suspense também.

Nessa época onde muito se fala que Hollywood está sem criatividade, muitos estúdios aproveitam de seus clássicos filmes (ou tesouros) e acabam tendo a grande ideia de reinventá-los, trazendo uma história mais atual no viés de não só ganhar mais financeiramente, quanto ganhar novos públicos – pois o que era clássico para nós antigamente, pode ser futuramente o clássico para eles. Dois exemplos atuais de clássicos que tiveram histórias remodeladas foram Matrix Resurrections e esse novo Pânico (ou Pânico 5), que coincidentemente ambos usam de metalinguagem. Dito isso, vamos começar.

Pânico ou Pânico 5 – você quem escolhe – traz uma história que, após 25 anos de uma série de assassinatos brutais chocar a tranquila cidade de Woodsboro, um novo assassino se apropria da máscara de Ghostface e começa a perseguir um grupo de adolescentes para trazer à tona segredos do passado mortal da cidade, fazendo com que Sidney Prescott retorne para desvendar o mistério.

Esse novo filme é o primeiro desde a morte do criador e diretor de toda a franquia, Wes Craven, que nos deixou em 2015. Ter um novo filme da franquia após esse acontecido foi algo a se pensar: “já que teremos um novo filme, será que a essência será mantida ou será repaginada?, “Ah, será um fracasso, com certeza!, “Pra quê um novo filme? Vão manchar a franquia”. E as preocupações eram lógicas? Eram porém todas essas preocupações vão por água abaixo, com certeza.

É reboot? Remake?

Pânico não é somente um novo filme, mas uma sequência dos filmes anteriores e nas palavras de Courtney Cox “não é um reboot, não é um remake!. Por ser uma sequência, ele tem uma ligação mais direta ao primeiro filme, o clássico de 1996 que ganhou os corações de muitos e que transformou o gênero slasher, fazendo referências da cultura cinematográfica; com protagonista que não é a vítima, mas a que enfrenta; o vilão que nos faz divertir pelas tirações de sarro e pelo filme trazer cenas brutais, de sangue muito exagerado.

(Paramount Pictures/Divulgação)

Rostos conhecidos no elenco como Neve Campbell (Sidney Prescott), Courteney Cox (Gale Weathers) e David Arquette (Dewey Riley) retornam aos seus papéis icônicos em Pânico, junto aos novos como a Melissa Barrera, Kyle Gallner, Mason Gooding, Mikey Madison, Dylan Minnette, Jenna Ortega, Jack Quaid, Marley Shelton, Jasmin Savoy Brown e Sonia Ammar.

“Qual a primeira regra que você precisa saber para sobreviver? Não confiar em ninguém.” – frase dita pelo policial Dewey Riley, que aqui não é apenas aquele policial que vimos no primeiro filme, mas um policial aposentado e sempre acompanhando o jornal da manhã apresentado pelo seu grande amor, Gale Weathers, que acaba virando âncora e morando em Nova York. Mas e Sidney? Morando com sua família em outra cidade, longe de Woodsboro.

O único do trio que ainda mora na cidade, é o policial. Acham que eles são protagonistas dessa nova história? Pois que fiquem enganados, já que eles são os coadjuvantes por aqui. O ar de nostalgia em vê-los juntos novamente traz um coração mais apertado e também uma tensão a história, já que são antigos conhecidos do assassino e também, de certa forma, são alvo dele. Mas quem são os protagonistas são os novos personagens, adolescentes, que alavancam a história.

Com um primeiro ataque de Ghostface na irmã mais nova Tara Carpenter (Jenna Ortega), faz com que a irmã mais velha Sam Carpenter (Melissa Barrera), acompanhada de seu namorado Richie (Jack Quaid), retornem para Woodsboro e investiguem quem está por trás disso, com a ajuda do policial Dewey Riley (David Arquette). A investigação que reune todos os amigos de Tara, torna mais interessante ao longo de toda a narrativa dentro do próprio universo de “A Facada” (o que seria o Pânico 1 para nós) e fazendo com que novas adições ao elenco não fossem desperdiçadas, sendo cruciais para que os personagens não fossem massantes e deixando uma linguagem mais moderna, como o uso dos termos de “geração z”, “fanfic” e afins.

Roteiro vingou?

O roteiro de James Vanderbilt e Guy Busick, não deixa um roteiro a desejar – algo que muita gente, principalmente os fãs, estavam preocupados. Plot twists inesperados que não só revigorizam a franquia, mas que acabam homenageando o que Wes Craven criou: cenas com muito, muito sangue; a trilha sonora clichê de suspense e colocada estrategicamente para dar bem mais suspense na cena, chegando até a brincar com o espectador; referências com filmes de terror atuais e do próprio universo (“A Facada”); tiração de sarro por todos os lados e o mais importante e genial: ter um filme dentro do próprio filme. Tem metalinguagem melhor que isso e tem como melhorar? Tem. Usando não só o próprio universo da franquia, mas o poder que os fãs têm: sua propaganda orgânica (o boca a boca) em indicar e falar a respeito do filme.

Outra renovação – além de manter a homenagem não só a Wes, mas ao gênero slasher – vem através da modernidade. Um Ghostface mais atual, usando instrumentos mais modernos para ficar vivo e tacar o terror, literalmente. A presença da linguagem mais moderna, também ajuda. A fotografia bem mais pesada, mais claustrofóbica, com planos mais fechados e com a tendência de mais jump-scare.

Conclusão

Podemos dizer que Pânico é mais um clássico dos antigos fãs e o novo para os novos fãs. James e Guy entenderam a essência que Wes Craven tinha em mente ao criar o universo do Ghostface, trazendo mais inovação, mais sangue, mais tensão, brutalidade e uma tiração de sarro sem fim e nada absolutamente exagerado. Pânico abraça o passado e o presente, deixando Woodsboro para mais visitas de Ghostface e com certeza, se deparando com um novo trio de protagonistas.

Se 2022 começou triunfal na cultura pop, espero que termine também da mesma forma.

Nota: 🔪🔪🔪🔪🔪

 

 

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