CRÍTICA | Chloe tem uma premissa maravilhosa, mas que deixa a desejar no seu encerramento

Que a BBC traz séries muito boas de triller, suspense e investigação não é novidade pra ninguém mais: Sherlock, London Spy, Colateral e One of Us são algumas dessas séries que são aclamadas pelos críticos em nível de produção, elenco e roteiro. Em nova parceria com a Prime Video, a BBC trouxe hoje (24) a minissérie Chloe para a plataforma de streaming global. A nova minissérie de suspense psicológico criada por Alice Seabright (Sex Education) e estrelada por Erin Doherty (The Crown), é contida em seis episódios de quase 1 hora de duração envoltos com mistério, investigação, triller e um cenário bem atual com as redes sociais sendo um elemento bem importante aqui.

Além de Doherty, a série conta com Poppy Gilbert (Stay Close) como Chloe,  Billy Howle (The Serpent) como Elliot, Pippa Bennett-Warner (Gangs of London) como Livia, Jack Farthing (Poldark) como Richard e Brandon Micheal Hall (Search Party) como Josh.

Nós tivemos acesso antecipadamente à minissérie e vamos te contar agora sobre o que achamos. Confira!

Sobre o que a série retrata?

Chloe acompanha a história de Becky Green (Doherty), que é obcecada em acompanhar as redes sociais de Chloe Fairbourne (Poppy Gilbert). A vida encantadora de Chloe, o marido adorável e o círculo de amigos bem-sucedidos estão sempre a um clique de distância. Becky não consegue resistir a espiar um mundo que contrasta tão fortemente com o dela, enquanto ela cuida de sua mãe, que foi diagnosticada com demência precoce.

Quando Chloe morre de repente, Becky assume uma nova identidade e se infiltra na vida invejável dos amigos mais próximos de Chloe para descobrir o que aconteceu com ela. Através de seu alter-ego Sasha, Becky se torna uma heroína poderosa e transgressora; um “alguém” popular e bem relacionado com uma vida — e amores — que são muito mais excitantes e viciantes do que o “ninguém” que ela é como Becky.

No entanto, tudo se torna mais sombrio e a linha que separa a realidade do fingimento se torna mais tênue, e Becky descobre que a vida real de Chloe não era tão perfeita quanto retratada online. À medida em que ela se aprofunda em seu golpe e no círculo íntimo de Chloe, Becky corre o risco de se perder completamente no seu próprio jogo.

Análise

Chloe é uma série onde mostra que as redes sociais possa ter seu lado relevante na sociedade atual, principalmente quando estamos falamos de um aplicativo de fotos, onde muitas vezes é mostrado uma vida que não é a realidade propriamente dita: uma vida perfeita.

Logo no primeiro episódio ficamos intrigados com Becky: uma stalker de uma desconhecida chamada Chloe, que sustenta um feed no Instagram cheio de fotos de amigos, lugares luxuosos, fotos com o namorado e apresentando sempre um semblante feliz. Porque Becky está tão interessada em observar a vida de uma desconhecida? Uma stalker que tem inveja de Chloe por ter uma vida que nunca poderá ter?

Essas duas questões são basicamente o que move por toda a série, mas claro, tendo camadas e mais camadas sobre o que é a realidade e o que é uma vida perfeita, interligando com as realidades diferentes dessas duas personagens principais.

Logo de cara é mostrado esse contraste: Becky, uma mulher infeliz, pobre e que inventa nomes para ir em festas da alta sociedade. Além disso, mora com sua mãe que sofre de Mal de Alzheimer e que de um jeito ou de outro, Becky acaba precisando de um emprego fixo para sustentar a família. Chloe, uma mulher de vários amigos, muito bem casada com o político local Elliot Fairbourne e tendo tudo do bom e do melhor.

Tudo muda através de um post no Instagram de Chloe com os dizeres “To die by your side is such a heavenly way to die” aparece e Becky começa a ver os comentários a ponto de ficar atordoada pela morte da até então “desconhecida”. Com uma ligação perdida do até então Josh e a polícia ligando para Becky sobre a morte da desconhecida Chloe, nesse ponto já desconfiamos: como que Chloe, uma até então desconhecida, sabia o número de Becky? Será que é por conta do número vinculado no IG? Começamos a nos perguntar sobre essa tamanha exposição de Chloe, o quanto é perigosa para ela mesma. A série seria uma crítica sobre a exposição da nossa vida nas redes sociais e que precisamos tomar cuidado?

A partir daí que entramos numa investigação pessoal de Becky, observando até que ponto uma pessoa seria capaz de descobrir a verdadeira realidade de outra pessoa.

Chloe é uma minissérie que pega o mesmo antídoto que faz da BBC ser um canal referência quando ouvimos séries desse gênero, mas o que torna interessante em Chloe é o fato das redes sociais serem tão importantes no gênero narrativo que até faz você relembrar do episódio “Nosevite” de Black Mirror, onde as pessoas viviam através da avaliação de outras pessoas através de um aplicativo, deixando de viver sua vida e ter sua saúde mental indo pro ralo.

A forma como eles utilizaram para dar vida aos posts de Chloe, foram inusitados, mas inteligentes. Cada foto, cada memória ganhando vida, mas isso tudo claro, apenas superficialmente. Talvez um alerta sobre a exposição e sobre não acreditar em tudo que é visto.

O roteiro é bem escrito, com algumas cenas até confundido o que poderia ser real, o que seria uma possível alternativa ou as peças se encaixando para Becky. E mesmo que tenha essa confusão, eles utilizaram em pontos tão importantes, que não poderiam ser descartados. Infelizmente há pontos no roteiro que fizeram com que o plot twist fosse demorado demais e não tendo o desenvolvimento final, principalmente quando estamos perto da season finale da série. Acaba se tornando um pouco cansativa e até esperada (de certa forma) sobre o assunto final que desenvolve todo a trama dessa investigação da personagem principal, o que é uma pena, já que poderia ter um fechamento bem significativo/emblemático sobre o que fora tratado.

A apresentação dos personagens é bem orgânica, sem precisar colocar algum personagem sem nenhuma explicação. Como nós espectadores, temos Becky (ou podemos chamar de Sasha, seu alter-ego?) tendo o seu maior destaque, chegando de certa forma sermos cúmplices de uma investigação que vai além de uma conclusão de assassinato: senso de justiça e resolução de um passado. A atuação de Erin nos prende atenção quando ela migra de Becky para Sasha ou quando ela está totalmente imersa na própria mentira sendo Sasha, sua alter-ego que é totalmente contrária da vida que Becky possui: segura de si, milionária e sociável. O que ela não esperava, era de reviver o que Chloe havia passado.

Há algumas cenas que poderiam ser indicadas como clichês, mas por uma ótima atuação de Erin Doherty, elas acabam tornando-se “fora dos padrões”. As atuções dos outros atores, eles não deixam a desejar na atuação, pois são muito boas, tendo um específico que nos deixa sentir até repulsa em algumas cenas.

Um outro ponto que achei bem interessante e inventivo, são as músicas nos créditos finais. Elas não são colocadas ali por um acaso. Cada uma delas tem uma relação com algum elemento em cena, com sentimento ou até com a prória história desenvolvida naquele episódio. Elas acabam parecendo que dão um acabamento em cada história desenvolvida em cada episódio.

Conclusão

Chloe traz uma série de investigação que vale a pena assistir, principalmente quando a atualidade (redes sociais) é misturada com uma realidade que pode não ser vista e nem por mais desconfiada.

Infelizmente, com um encerramento um pouco decepcionante na amarração do problema principal, deixa essa reflexão do que poderíamos ou não acreditar no que estamos vendo. Mesmo assim, ela vale a pena de ser assistida (e não é a toa que está com 91% no Rotten Tomatoe) e acompanhar o que uma pessoa poderia fazer de justiça, pela atuação incrível de Erin Doherty.

Lembrete: A série pode dar gatilhos a pessoas que passaram por algum abuso psicológico.

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