CRÍTICA: BLACKPINK: LIGHT UP THE SKY

Documentário lançado na Netflix mostra que por mais que um grupo seja o mais conhecido, ele passa por tremendas dificuldades, principalmente quando falamos sobre grupos femininos na Coréia. Desde a época de trainée, debut do grupo e atualmente, conhecemos o “por trás do sucesso” do mais conhecido grupo feminino sul-coreano chamado BLACKPINK.

“BLACKPINK IN YOUR AREA” o famoso e poderoso refrão presente nas músicas. BLACKPINK pode estar na sua área, mas para o refrão ter chegado por aí, elas tiveram vários obstáculos vencidos com perseverança, determinação e respeito não só por elas, mas por seus familiares. E com o documentário, nos é mostrado essa caminhada.

No começo nos é apresentado a Teddy, produtor e compositor das músicas do grupo. Infelizmente, é muito raro as meninas compuserem alguma música e quando acontece isso, a fanbase vibra e não é a toa. Um exemplo antigo foi a música solo de Jennie, “SOLO”, onde ela foi uma das compositoras da canção e um exemplo mais atual foi “Lovesick Girls”, onde Jisoo e Jennie foram também compositoras.  Entre cenas estúdio (até o momento delas ouvirem pela primeira vez “Sour Candy” – parceria com Lady Gaga), Teddy, apelidado por elas como “grande chefão”, diz sobre a sua visão em relação ao rótulo colocado para eles: “k-pop” para ele não existe, mas sim pop coreano e que se fosse por essa lógica, outros países teriam que ter rótulos também – ao mesmo tempo passando imagens de programas coreanos tratando dessa questão, de “pop coreano”.

No documentário, vemos uma parte da vida pessoal de cada uma sendo exposta (por elas mesmas!):

  • Jennie coreana, mas se mudou para Nova Zelândia muito nova. A integrante que é super tímida e perfeccionista, sofre de dores depois dos shows por dar em dobro de si nos palcos. Jennie é a integrante mais clara do grupo, sempre demonstrando sua opinião de forma mais clara possível. Em 2010, Jennie fez o teste e passou direto e ela foi a primeira integrante a ser revelada do grupo.

“(…) temos que viver no palco, com aparência perfeita, fazendo as mesmas apresentações” – Jennie.

  • Lisa é tailandesa, rapper e dançarina principal do grupo. A integrante é vista como tendo um ar doce, mas quando canta, ela arrebenta na música. Ela é o ponto de equilíbrio do grupo, sempre trazendo positividade, mesmo nos momentos ruins. Em 2010, Lisa fez o teste, passou e aos 14 anos estava indo à Coréia, sozinha. Lisa se sentiu confortável com Jennie quando se conheceram, pois Jennie falava inglês e qualquer ajuda que precisasse, Jennie estava lá. Lisa foi a segunda integrante a ser revelada do grupo.
  • Jisoo, coreana. A integrante mais velha do grupo, é vista como a mais inteligente e sabe que tem uma maior responsabilidade por ser mais velha e querer cuidar das outras. Jisoo queria ser escritora ou pintora, mas em 2011 entrou para a empresa. Jisoo foi a terceira integrante a ser revelada.
  • Rosé, coreana mas crescida na Nova Zelândia. A integrante que tem dificuldade de dormir e canta para aliviar o estresse. Quando era mais nova, Rosé ia todos os domingos na igreja e ela fez o teste em 2012. A integrante tem um certo “medo” de compor, mesmo tendo várias histórias, mas ela tem certa dificuldade para contá-las por serem muito pessoais para ela. Ela se sente mais intimidada quando está sozinha e também não diz que não quer ser uma cantora que apenas compõe suas músicas, dando a entender que gostaria que suas músicas tocassem as pessoas e não fosse apenas um “número”.

“O que é bacana no grupo é a combinação, fazendo ele único e tendo esse equilíbrio entre culturas.” – Teddy

Começamos a adentrar mais sobre como funciona essa caminhada de estreia de um grupo sul coreano. Começando pela época de treinamento (trainée) desde muito novos, a partir de 11 anos de idade. Muitos treinam e nem chegam a estrear (debut). Com muitas regras (fumar, beber, fazer tatuagem eram algumas delas), avaliação mensal do chefe e dos produtores, horas e horas treinando, tendo um dia de folga a cada 15 dias, faziam as próprias coreografias, isso era algumas coisas que elas passavam. Era realmente a pior época e a mais difícil para elas. Muitas chegaram até a pensar em desistir, ligavam para seus pais para desabafar, mas sabiam que mesmo com dificuldades, era aquilo que elas gostariam.

De trainée para seu debut, em agosto de 2016 BLACKPINK estava na nossa área. Cenas de bastidores da sua estreia, sucesso e os prêmios com “Whistle” (a música que tornou o grupo conhecido)… BLACKPINK foi uma explosão de sucesso. Há um momento em que mostra Lisa viajando para a Tailândia, sua terra natal e dizendo que para os jovens tailandeses, ela é um deles que chegou longe, mas ela se pergunta:

“Eu podia servir de exemplo? O que devia fazer para não decepcioná-los?” – Lisa

O grande marco para a carreira delas foi com certeza o Coachella, por ser o primeiro grupo feminino de k-pop a subir no palco do festival e também a primeira vez delas nos Estados Unidos. Mas antes de chegarmos no Coachella, vemos os bastidores dos ensaios para essa turnê mundial. Conforme foi passando os vários locais da turnê, vemos vários fatores que elas não esperavam: o corpo delas já começa a não aguentar as variações de lugar, horários diferentes, algumas até se machucam.

Entre acertos e erros, percebemos que mesmo depois da estreia, elas têm mais responsabilidades e precisam trabalhar o dobro que elas não tinham na época de trainée.

“(…) é muito cansativo trabalhar, mas quando não trabalhamos, fico estressada de não trabalhar. É um dilema.” – Jisoo

A fala da Jisoo dá um gancho no que Rosé diz sobre estar mais viva no palco e quando é hora de voltar para o hotel, sente um vazio enorme. Nesses momentos que Lisa é fundamental no grupo, por trazer positividade e energia para todas.

Perto do final, é mostrado as cenas de bastidores do Coachella, com Rosé estava muito preocupada com poucas pessoas indo ao show delas, Jisoo passando muito mal e Jennie não esperava nem 100 ou 200 pessoas. Entre cenas do show delas no Festival e do restante da turnê mundial, percebemos a evolução do grupo até hoje.

Esse documentário não serve apenas para as blinks (como é chamada a fanbase do grupo). Serve para mostrar a todos como a indústria musical trabalha em cima de seus cantores, cantoras, grupos e/ou “idols”. Infelizmente há vários fatores na indústria musical que alguns terão mais e outros terão menos esforços, mas tratando de Oriente, grupos femininos sofrem mais que masculinos e isso não há para se negar. Grupos sejam eles femininos ou masculinos são pressionados e divulgados como “perfeitos”, mas não é muito bem assim como funciona a melodia, principalmente colocando como pedestal muitas vezes.

BLACKPINK foi o primeiro grupo feminino sul-coreano de maior sucesso depois de oito anos da estreia de 2ne1 e foi o primeiro grupo feminino sul-coreano ao pisar num palco do Coachella e isso não há como negar. Cada grupo tem o seu grande marco na carreira e vindo no seu tempo. O delas foi no Coachella, amanhã pode ser o de outro grupo (e ainda bem, não?).

Por mais documentários como esse, não digo apenas sobre do “k-pop”, mas da indústria musical como um todo, para além de conhecermos mais artistas, darmos mais valor a eles nessa indústria, que tem muito mais camadas que você possa imaginar.

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