CRÍTICA | The Midnight Gospel

A história foca em Clancy, um “locutor interdimensional com um simulador de multiverso com defeito que decide deixar o conforto de sua casa para entrevistas seres de mundos em extinção”. The Midnight Gospel é uma série do mesmo criador de Hora da Aventura, Pendleton Ward, e é baseada em um podcast de entrevista real chamado Duncan Trussell Family Hour e realizado pelo ator, comediante e dublador Duncan Trussel. Esse podcast, que acumula mais de 360 edições, tem como entrevistados Dan Harmon, criador da série Rick e Morty/Comunnity, o músico e professor espiritual David Nichtern e uma cara de índole duvidosa Damien Echols, que foi condenado por homicídio de três crianças mortas em um “ritual satânico”.

Antes de começar: Deixando claro que essa série é FOCADA PARA O PÚBLICO ADULTO (+18).

Não é à toa que uma série assim foi lançada por acaso no dia 20 de abril, que invertendo a data e o mês como os americanos “leiam”, é 4/20, dia da Maconha. Nada é por acaso, não é mesmo? Com episódios de 20 minutos, a série acompanha Clancy, um ser que viaja durante o multiverso escolhendo avatares e fazendo novas amizades, colecionando artefatos de cada viagem e trazendo conteúdo para o seu próprio podcast, o The Midnight Gospel.

O visual dessa série é toda psicodélica, parecendo que realmente estamos numa viagem “de drogas”. Cores vibrantes, cenários distorcidos, objetos semelhantes à órgãos femininos, muita violência gráfica e verbal, referências, gatinhos que tocam pianos, unicórnios que soltam bolas de sorvete, enfim, tudo visualmente é nonsense, mas a linha narrativa é totalmente realista. Pendleton Ward encontrou uma forma interessantíssima para falar sobre vários questionamentos de diversos temas, lembrando por vezes de BoJack Horseman e Rick Morty, por serem séries que retratam crises existenciais, de forma bem clara e com humor negro afiadíssimo. Em grande parte, temos uma identificação com as próprias questões de Clancy e as conversas entre ele e os entrevistados.

Reprodução/Netflix

Esse é um dos pontos mais altos da série: por detrás de todo esse visual, há um conteúdo que vale muito a pena ser discutido. Por ela ser baseada num podcast real de Duncan, o elenco também vale ser falado por aqui. Além do próprio Duncan dublar o personagem principal, Clancy, a cada episódio há um especialista de alguma área para falar sobre um tema em específico, como por exemplo: logo no primeiro episódio se fala sobre drogas e o convidado é o Dr. Drew Pinsky, um médico americano especialista em drogas. Indo desde médicos e até agente funerária, o seriado traz de forma lúdica pedagógica esses questionamentos que vão desde drogas, passando por morte, sexo, religião e amores.

A série por si só também interessante pelo seu “formato”. O formato, no caso, é meio óbvio justamente por ser baseado num podcast existente. Porém, ele “casa” muito com o boom dessa fase de youtubers em ascensão atualmente, pois você se envolve naturalmente a cada episódio e aí que possa ser um ponte negativo para algumas pessoas. Ao mesmo tempo que há profundas conversas entre os personagens, há interações do cenário ocorrendo, com explosões, matança… Enfim, isso talvez possa ser um problema para algumas pessoas ao assistirem a série. Mesmo assim, não interfere no que The Midnight Gospel é realmente.

Como um todo, a série é sim muito bem recomendada! Tanto visualmente, quanto em linha narrativa, abordagem dos temas, os personagens, as músicas distorcidas, o humor negro afiado… The Midnight Gospel é aquela série que você pode rever diversas vezes e não irá perder o encanto. Aproveita essa quarentena e assista lá na Netflix!

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