CRÍTICA | Sorria é o filme de terror inteligente que peca no exagero

Quem diria que um sorriso poderia ser tão perigoso? Em Sorria, ele é, e não só para os introvertidos. A história gira em torno de Rose (Sosie Bacon), uma terapeuta de um hospital psiquiátrico que se dedica de forma ilimitada aos seus pacientes. Um dia, uma jovem aparentemente perturbada aparece na emergência do hospital, dizendo que tem visto coisas que não existem e sendo atormentada por algo que sorri para ela. 

A partir daí, a história se desenvolve muito focada em descobrir qual o critério de escolha da entidade ao escolher suas vítimas, com muitas cenas repletas de jumpscares. Esse artifício é, na minha opinião, o grande problema do filme. Não que eu não goste dos sustos repentinos, eu gosto. Inclusive, gosto mais de filmes nesse estilo do que muito apoiados no gênero cult moderno. Mas o problema é quando vem o exagero. E aqui, os jumpscares aparecem em exagero. Toda hora, a todo momento, em praticamente todas as cenas.

Ignorando o fato disso acontecer o tempo todo, o filme tem um apoio dramático muito eficiente. Toda a questão da infância de Rose e os traumas sofridos são bem desenvolvidos no filme, além de serem essenciais no terceiro ato e conclusão. A suposta loucura apresentada no início do filme cai por terra, quando entendemos o real motivo de vários personagens serem os escolhidos pela entidade principal do filme. 

Além de um roteiro diferente e mais inteligente do habitual em filmes de terror recentes, a escolha de jogos de câmera também tem seu valor, apesar de algumas escolhas também se tornarem repetitivas. Digo com tranquilidade que, metade dos sustos não funcionariam se a direção de fotografia não soubesse o que está fazendo aqui. Essas escolhas de câmera são um trunfo importante, já que a direção decidiu apostar em momentos de sustos inesperados com o aumento do som. 

As atuações, por outro lado, não alcançam o potencial esperado. Salvando a protagonista, que realmente transmite um desespero perante a situação em que se encontra, os outros personagens são mais do mesmo e cumprem o que o roteiro pede, sem tirar e nem pôr. Se pudesse elogiar mais alguém, seria Joel (Kyle Gallner), que também apresenta certa emoção durante o filme. E claro, como sempre é bom ter um rosto conhecido, Jessie T. Usher, o A-Train de The Boys, também está no filme, e age como muitos de nós agiriam se ouvisse as palavras da sua noiva. 

O diretor Parker Finn, de A Corrente do Mal, bebe da mesma fonte do seu outro filme de sucesso para falar sobre como o trauma é perigoso e pode se espalhar se não for tratado da forma correta. Acredito que ele tenha acertado novamente aqui.

Em resumo, o filme tem um roteiro interessante que busca trazer um arco dramático que funciona. Seria melhor se o recurso dos sustos não fosse tão utilizado o tempo todo durante o filme, mas para quem gosta, garante uma grande diversão.

Você também pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *