Entre os vários títulos lançados pela Netflix durante o mês de junho, a segunda temporada de The Politician era uma das estréias mais aguardadas pelos seguidores da plataforma nas redes sociais. Menos de um ano depois dos primeiros episódios da série irem ao ar, o enredo prometia estender a competição do protagonista Payton Hobart (Ben Platt) por um cargo de poder, dessa vez por uma posição no senado do estado de Nova York. Mantendo os mesmos personagens apresentados no último capítulo da primeira temporada, os temas abordados pela trama continuam sendo relevantes no mundo real. Mas eles já foram discutidos de maneira melhor.
Cultura do cancelamento, apropriação cultural e aborto foram alguns dos tópicos tratados ao longo da nova temporada. E é claro que todos esses assuntos são pautas fundamentais e devem ser discutidos sempre que possível, mas, quando abordados de forma corrida e mal explicada, uma imagem incompleta, ou, ainda, incorreta, pode ser facilmente passada aos espectadores. Foi o que ocorreu no caso dessa edição da série.
O que aconteceu dessa vez?
Durante os episódios, o fator cômico, característico das produções do diretor Ryan Murphy, seguiu marcando presença entre as falas dos personagens. No entanto, por causa das várias novas informações surgidas a todo momento na vida dos jovens, o enredo se tornou confuso – o que ofuscou a comédia e a relevância de determinadas discussões. A quantidade limitada de episódios e o orçamento reduzido aparentam ser os principais fatores que alavancaram essas falhas.
Como um ponto positivo do lançamento, as atrizes Bette Midler e Judith Light não falharam em mostrar talento e experiência durante suas partes no roteiro. Roubando a cena, suas respectivas personagens, Hadassah Gold e Dede Standish, são responsáveis por dar qualidade ao humor da série e salvar a nova temporada de um possível fracasso. De acordo com críticos norte-americanos, “é uma pena que as duas não sejam as personagens principais dessa história”.
Além dos furos no script, a exploração precária de dois personagens específicos, James Sullivan (Theo Germaine) e Skye Leighton (Rahne Jones) é um critério que deixa muito a desejar nos novos capítulos. Por serem interpretados por atores que acabaram de chegar a Hollywood e cujas identidades transsexual e negra são oprimidas na indústria, era esperado que suas cenas tivessem uma duração mais longa. E alguém também deveria avisar aos produtores que utilizar uma pessoa racializada com o único propósito de esclarecer os erros óbvios dos outros integrantes brancos de uma trama tem o mesmo efeito de tê-la ali apenas para alívio cômico.
E agora?
Após as críticas divididas em relação à nova temporada, a renovação da série ainda é um mistério. Talvez a data de lançamento da sátira política, que colidiu com as enormes crises governamentais observadas ao redor do mundo, não tenha sido propícia ao momento. Por isso, se você não ligue tanto para questões sociais, a ponto de não problematizar uma série de questões ali apresentadas, e também não se importe com finais desconexos, há uma chance desse novo lançamento te causar algumas risadas.