Na busca por descobrir a história do avô, Eusélio Oliveira, assassinado brutalmente em 1991, dois anos antes de seu nascimento, Gabriela Oliveira mergulha em relatos, fotos e documentos que revelam não apenas o homem visionário que mudou os rumos da produção audiovisual cearense ainda nos anos 1970, mas também o poeta, o militante político, o articulador cultural e um ser humano diferenciado em suas relações. O encontro entre avô e neta se dá na tela do cinema, no documentário Saravá, meu avô. O longa-metragem terá exibição especial no dia 13 de outubro, no Cineteatro São Luiz, no encerramento do 32º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema, que começa no dia 7.
Saravá, meu avô marca a estreia de Gabriela Oliveira como diretora, e isso acontece ao lado do pai, Eusélio G. Oliveira (Xuxu). Juntos, revisitam a biografia de um dos mais relevantes nomes da história da cultura cearense, Eusélio Oliveira, através de histórias, relatos de pessoas que conviveram com ele, familiares, amigos de partido, de luta, do cinema, alunos, entre tantas pessoas que passaram pela sua vida.
A ideia de realizar o documentário sobre Eusélio Oliveira surgiu quando Gabriela concluía a graduação em Cinema e Audiovisual na Unifor. “Naquele momento em que todo mundo tem que decidir o que é que vai fazer do TCC, eu via meus colegas fazendo relatórios e documentários sobre diretores, filmes ou pessoas pelas quais eles tinham uma admiração e resolvi olhar pra dentro. Lembrei das várias histórias que minha avó e minha tia contavam nos almoços de domingo sobre meu avô, então pensei que eu poderia ampliar essa forma de conhecê-lo”, conta Gabriela. “O filme nasceu dessa necessidade de aprofundar o conhecimento sobre uma pessoa que sempre foi presente na minha vida, mesmo não estando aqui, fisicamente”, continua.
Para Eusélio G. Oliveira (Xuxu), filho de Eusélio Oliveira, Saravá, meu avô é um filme bonito e sensível, que resgata a história de um homem que foi um dos pioneiros do cinema cearense. Sobre o pai, ele ressalta: “Foi quem plantou a semente do Cine Ceará, o cara que levou uma turma do Ceará para a primeira turma da Escola Internacional de Cinema e TV (em San Antonio de Los Baños, Cuba), abriu pontes internacionais, então foi um cara muito importante que viveu fora do tempo dele, e que viveu pouco, morreu com 58 anos. Ele passou por tantas dificuldades no início da vida, foi preso político, perseguido e, mesmo assim, nunca perdeu a vontade de vencer, a ideia de sonhar e de acreditar num mundo melhor”. E completa: “É assim que a gente quer que as pessoas vejam esse filme”.
OS DIRETORES
Eusélio G. Oliveira (Xuxu) iniciou os trabalhos em audiovisual com seu pai na década de 1980. A partir dele, foi instigado a entrar no universo cinematográfico produzindo documentários e curtas-metragens. Nos anos 1990, passou a atuar também no mercado publicitário, participando de filmes comerciais de grandes marcas, além de vídeos institucionais. Assina a direção e a fotografia de produções locais e nacionais, a exemplo do longa-metragem “Bate Coração” (Glauber Filho), das séries de TV “Não matou El Matador” (Cine Brasil TV), “Diário de Luli” (TV Brasil) e “Brasil Joiado” (Cine Brasil TV). Em 2020, foi premiado pela fotografia do curta-metragem “Não me olhe com o canto dos olhos” (Márcio del Pichia) no Screen Power Film Festival, de Londres.
Gabriela Oliveira é realizadora audiovisual, com formação pela Universidade de Fortaleza (Unifor). Participou de longas nacionais como “Férias Trocadas” (Bruno Barreto) e “Cangaceiro do Futuro” (Halder Gomes) como primeira assistente de câmera, e fez a segunda assistência em produções como “Bem-Vinda a Quixeramobim” e “Cine Holliúdy – A Chibata Sideral” (ambas de Halder Gomes), além de assinar filmes documentais e publicitários.