Documentário | Filme de diplomata que tentou impedir guerra é selecionado para É Tudo Verdade e HotDocs

Sinfonia de um Homem Comum, documentário de José Joffily (Soldado Estrangeiro), foi selecionado para o 27º É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários (31/03-10/04) e para o HotDocs (28/04-08/05), no Canadá. O longa-metragem acompanha a história do diplomata brasileiro José Maurício Bustani, que foi diretor da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), e tentou impedir a invasão do Iraque pelos Estados Unidos. A produção é da Coevos Filmes, em coprodução com a Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil. A Bretz Filmes assina a distribuição.

“Hoje, uma antiga questão se impõe com nova denominação. As diferentes versões dos fatos se transformaram em uma “guerra de narrativas”. Para além do embate entre o brasileiro Bustani e o diplomata americano que forçou a sua demissão da direção geral da OPAQ, Sinfonia de Um Homem Comum tem esse eixo central: qual é a verdade e a quem ela pertence? As versões dos fatos serviram para justificar guerras e invasões que somente o tempo poderá revelar. Em pleno 2022, 19 anos depois da invasão do Iraque, estamos atônitos com a quantidade de notícias que chegam até nós sobre uma nova guerra. Voltamos a lidar com a guerra de narrativas, com a diferença da existência das redes sociais. Hoje, para o bem ou para o mal, milhares ou milhões de pessoas podem se manifestar e tomar partido. Sejam “versões dos fatos”, sejam “guerras de narrativas”, a disputa pela verdade talvez seja mais relevante que a própria realidade. Ganha o lado que domina a narrativa. Será sempre assim?”, indaga o diretor José Joffily.

Sinfonia de um Homem Comum destaca a atuação de Bustani como primeiro diretor geral da OPAQ, entre 1997 e 2002. A organização internacional independente, afiliada à ONU e sediada na Holanda, tinha como objetivo implementar a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Armazenagem, Produção e Uso de Armas Químicas e sua Destruição. O diplomata defendia a adesão do Iraque à OPAQ a fim de possibilitar as inspeções de armas no país. Já o então presidente George W. Bush afirmava que o país possuía armas de destruição em massa. 

Após o 11 de setembro, Bustani já estava em seu segundo mandato e começa a sofrer pressões do governo americano pela renúncia. Ele não deixa o cargo. Em 2002, os Estados Unidos lideraram uma assembleia para sua destituição. O Iraque foi invadido em 2003, as armas químicas nunca foram encontradas. No primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Bustani é nomeado embaixador do Brasil na Inglaterra e, posteriormente, na França. Durante as filmagens de “Sinfonia de um Homem Comum”, o diplomata foi convidado a dar um depoimento sobre denúncias de inspetores da OPAQ, mas foi barrado pelos representantes de Washington, Londres, Paris e Berlim. Hoje, aposentado no Rio de Janeiro, longe do front, Bustani aprecia sua primeira paixão: a música.

Sinopse

O diplomata José Maurício Bustani, primeiro diretor geral da OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas) tentou impedir a destruição do Iraque e, por pressão dos americanos, foi demitido. Hoje, decorridos 19 anos, situações semelhantes se repetem nos bastidores das organizações multilaterais.

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