CRÍTICA: Sing 2 e a importância da música como cura de nós mesmos.

Nessa quinta-feira (6) chega a sequência da animação atual de maior sucesso da Universal Pictures, Sing 2. Do mesmo estúdio que fomos apresentados Meu Malvado Favorito e Minions, a Universal Pictures tem em mãos a animação de animais antropomórficos cantores que, se continuar mantendo na qualidade, terá um público fiel e colocado nas listas de animações que precisam ser assistidas pela menos duas vezes.

No primeiro filme, seguimos a história com o coala chamado Buster Moon que decide criar uma competição de canto para aumentar os rendimentos de seu antigo teatro. A disputa aos moldes de programas como The Voice, movimenta o mundo animal e promove a revelação de diversos talentos da cidade, todos de olho nos 15 minutos de fama e nos US$ 100 mil dólares de prêmio. Além de conhecermos Moon, o coala que a todo custo quer ver seu teatro crescer, conhecemos o gorila Johnny que tem problemas com o pai, a elefoa bondosa Meena e extremamente tímida, a porco-espinho roqueira Ash deixada pelo namorado, a porquinha Rosita que não tem apoio do marido, o porco dançarino Gunter, além de uma série de personagens coadjuvantes.

Na sequência, temos a trupe de volta ao teatro regional e que a partir da rejeição de uma caçadora de talentos esnobe, faz com que Moon não desista de seu sonho e prepara a turma para lançar a performance de palco mais deslumbrante na capital mundial do entretenimento – a Redshore, onde a caçadora de talentos trabalha, no Teatro Torre Crystal. Moon acaba prometendo uma grande performance ao magnata Jimmy Crystal, com tema de ficção-científica e a presença do astro de rock mais recluso do mundo – o leão Clay Calloway a se juntar a eles na performance. Mas será que Moon consegue alcançar o que tanto quis, reconhecimento?

Normalmente, sequências de algum filme, animação ou série tendem a ser mais desafiadores para quem está produzindo por conta da pressão que o estúdio faz para que a qualidade da obra se mantenha ou até – de certa forma – seja a salvação. Em Sing 2, o sinal vermelho não chegou ainda (e ainda bem!), conseguindo superar a animação original. Isso é possível? É sim.

O roteiro é mais coeso, mais complexo e mais emocionante, trazendo várias reflexões sobre como levamos a nossa vida, saúde mental, preconceito, maternidade, feminismo e da importância que a música tem na nossa vida, sem ao menos percebermos.

Nos é apresentado como cada personagem do primeiro filme seguiu a sua vida, mostrando uma evolução de cada um deles e também conhecermos um pouco mais deles, sobre seus medos, suas inseguranças e a força de cada um. E não é por serem animais antropomórficos que suas questões deixam de ser parecidas com o que nós temos, pelo contrário, nós até nos identificamos com elas: um exemplo? A autora que escreve. Tem fobia de altura e isso é apresentado também através de Rosita, a mãe porca, que além de ter o trabalho de ser mãe de tantos porquinhos, – que é importante ressaltar o retrato da maternidade por aqui –  ela tem a jornada dupla de trabalhar no showbusiness. Que aliás, trabalhar no showbusiness não deve ser fácil! Bastidores, cenas de improvisos que podem surgir inesperadamente no palco, o que é necessário ter para que um show aconteça… é tudo muito nos Se Vira nos 30, como dizia Fausto Silva.

A emoção fica por conta do novo personagem da trama, o leão Clay Calloway, astro do rock que ficou recluso do mundo depois da morte de sua musa, a sua própria esposa. TODA a trama envolvida nesse personagem é bem sensível e entra em várias questões psicológicas – questões que envolvem não só nós, mas aqueles também ao seu redor. É bem emocionante, mesmo.

Aliás, se formos dar uma visão em cada personagem, nós veremos alguma crítica que ele possa oferecer para nós: a Rosita, mãe porca, que além de ser mãe, ela trabalha arduamente no showbusiness, mostrando que podemos sim fazer tudo; a Ash, que no primeiro filme teve um término de namoro e nesse é uma estrela do rock e não aceita um salário menor que a de seus colegas – feminismo; Johnny, o gorila, que nesse filme além de ter que cantar, precisa dançar, mas só consegue com a dança de rua e não com dança de renome de academia, trazendo assim a pauta do preconceito que muita gente tem com os artistas de rua; a elefoa Meena, que mesmo muito tímida, ela conseguiu superar os obstáculos e acreditar nela mesma e temos Moon, que acreditou que seu sonho era alcançar o estrelato, mas na verdade, era de acreditar em si e na força que nós podemos ter de não só em nos ajudarmos, mas ajudarmos outras pessoas também.

Mas e os números musicais? Na medida e além do mais, ainda melhor! A música aqui não é apenas colocada como encaixe de plano de fundo em alguma cena, ela faz parte da história – algo que não é exagerado dizer que músicas podem salvar e aqui Clay Calloway é um grande exemplo. As músicas te cativam, o que faz você ficar batendo o pé no ritmo da música cantada. Covers como Can’t Feel My Face do The Weeknd, A Sky Full of Stars do Coldplay, Break Free de Ariana Grande e Heads Will Roll da banda Yeah Yeah Yeahs estão entre os números musicais. Há várias outras músicas que compõe a animação, seja elas como cover pelos personagens ou parte da trilha mesmo.

De modo geral, Sing 2 é o tipo de animação que precisávamos no momento para não deixarmos de esquecer da força que nós temos em nós mesmos, mesmo em tempos muito difíceis; de não desistirmos dos nossos sonhos; de que haverá pessoas na sua vida que darão grandes oportunidades, como glamour e muito dinheiro, mas dinheiro não é tudo e o que vale é sua força, capacidade e confiança em você mesmo; que não é por uma coisa trágica que vai fazer você parar de viver, pois o que possa ter acontecido, com certeza não gostaria de ver você nessa sua situação, mas sim de seguir em frente e manter as lindas lembranças que tiveram.

A música pode sim salvar a nós mesmos, sendo nossas companheiras nas piores e nas melhores situações, basta você senti-la e tudo acontece.

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