CRÍTICA | Os Caras Malvados vieram com tudo para roubar… o seu coração.

O que pode acontecer quando os cinco maiores vilões do mundo animal decidem bolar o maior plano de roubo de suas vidas sendo… bonzinhos? Com uma trama inesperável,  os Os Caras Malvados, tem tudo para continuar o legado de animações que DreamWorks Animation nos deu ao longo dos seus 27 anos.

A nova aposta da DreamWorks com a Universal acompanha essa nova era das animações, em questão da própria estética em adicionar novas técnicas ou da criação de novas histórias de monstrinhos e/ou animais que garantiram o estúdio vários milhões de dólares em bilheteria mundial. Sendo o primeiro longa-metragem original da década, mais uma franquia de animais foi escolhida. Os animais dessa vez? Os vilões do mundo animal sendo ladrões em um mundo onde humanos e animais convivem entre si.

O longa é uma adaptação da série de livros do premiado autor Aaron Blabey e dirigido por Pierre Perifel (que faz sua estreia na direção de longas-metragens e foi animador em Kung Fu Panda), com Etan Cohen e Hilary Winston sendo os roteiristas e com Sam Rockwell como Sr. Lobo, Awkwafina como Srta. Tarântula, Anthony Ramos como Sr. Piranha, Craig Robinson como Sr. Tubarão e Marc Maron como Sr. Cobra. Richard Ayoade é Professor Marmalade e Zazie Beetz como Diane Foxington completam o elenco de vozes. Aqui no Brasil, o elenco de vozes fica por conta de Rômulo Estrela como o Sr. Lobo, Agatha Moreira como Diane Raposina, Sergio Guizé como o Sr. Cobra, Babu Santana como o Sr. Tubarão, Luis Lobianco como o Sr. Piranha e Nyvi Estephan como a Srta. Tarântula. Por conta do COVID, toda a produção do filme foi realizada remotamente.

Quando a animação havia sido anunciada lá em 2018, ela foi descrita como “uma reviravolta no gênero policial semelhante ao que Shrek fez nos contos de fadas, e o que Kung Fu Panda fez para o gênero de kung fu”. E não é que foi isso mesmo? A história, personagens, trilha sonora, cenários… Absolutamente tudo é cativante.

Como eu disse, essa não é somente uma história comum de ladrões que planejam roubar o objeto mais valioso que todos os ladrões da cidade gostariam de roubar. O plano do roubo, para que dê certo, os ladrões precisam seguir outro rumo: serem bonzinhos. E quem pensaria que seria fácil? Eles! E foi nessa linha totalmente inesperada que Etan e Hilary ganharam pontinhos no roteiro dessa animação, trazendo uma história bem desenvolvida, cativante, humorada, envolvente aos olhos e também ouvidos do espectador, além de trazer lições bem bonitas não só de cada personagem, mas de uma forma geral.

Logo no início, já nos é apresentado a gangue dos ladrões e também os seus inimigos policiais de forma totalmente orgânica e conversando com o espectador através da quarta parede sendo quebrada – recurso bem famoso utilizado em produções como Deadpool e Fleabag, por exemplo. O Sr. Lobo é quem usa esse recurso que é muito bem utilizado no decorrer da história e colocado nos momentos certos – aliás é ele quem nos apresenta cada um de seus parceiros como se estivesse realmente conversando conosco enquanto foge freneticamente dos policiais depois do roubo de um banco.

E falando em algo frenético, o longa é cheio de referências de outros filmes bem famosos misturando ação, ritmo musical e jogo entre ladrões e como diz o próprio diretor Pierre: “É o Pulp Fiction do Tarantino, mas infantil, sem o sangue e a violência toda”. Temos um pouco de 11 Homens e Um Segredo, 8 Mulheres e um Segredo e Em Ritmo de Fuga, misturados com muito bom humor  e uma baita trilha sonora, reunindo funk, soul, rap e R&B e até pop.

Mas e a história? Bom, não dando muito spoiler para estragar a surpresa, mas devo lembrar à vocês que filmes onde ladrões são os personagens principais tem um histórico bem “parecido” com o caminho que vão tomar. Mesmo que o caminho tenha sido abordado de forma diferente, é algo que estraga a história? Não. Mesmo que você desconfie que está no mesmo caminho, você será surpreendido mais e mais vezes. Como diria Karol Conka: “Se é para tombar, tombei. Bang bang” e não tem frase melhor para encaixar. Para quem tinha o medo de romantizarem o crime, aqui não tem isso. Aqui é conversado muito bem sobre você ter consequências de seus atos, principalmente quando é envolvido roubos e tendo como público principal as crianças.

(DreamWorks Animation/Universal Pictures/Divulgação)

Falando dos personagens, o Sr. Lobo é o líder carismático do grupo, o mero vilão, o malandrão que paga de durão, mas no fundo é totalmente bondoso e solidário. 2) O Sr. Cobra é o esquentado do grupo, arrombador de cofres e sempre faminto por uns porquinhos da índia. 3) O Sr.Tubarão é o mestre dos disfarces do grupo e mesmo que ele tenha toda a fama que ele tem, ele é o mais palhação do grupo e torna-se o alívio cômico do grupo. 4) A Srta. Tarântula é a gênia da tecnologia e especialista em hackear. 5) Chegamos no Sr.Piranha, muito briguento e também que tem um dom “incomum” de trabalhar. A escolha de ter o Sr.Lobo como líder do grupo foi bastante perspicaz, pois conhecemos duas das suas maiores participações: a da Chapeuzinho Vermelho e uma citação “o lobo em pele de cordeiro”. Em falas e detalhes sutis, essas duas referências estão presentes por aqui e algo que achei bem genial para serem lembrados e ao mesmo tempo trazendo uma linda mensagem sobre essa “imagem” que ele tem.

A dinâmica entre os personagens é bem construída, com integrantes tendo personalidades totalmente diferentes, mas que dão super certo juntos. E falando dessa dinâmica, a dublagem nacional está excelente. Com Rômulo Estrela como Sr. Lobo, Nyvy Estephan como Srta.Tarântula, Sérgio Guizé como Sr. Cobra, Luis Lobianco como Sr. Piranha, Babu Santana como Sr. Tubarão e Agatha Moreira como a Governadora Diane Raposina, grande parte deles tiveram a primeira experiência com dublagem nesse projeto e ouso dizer que foram super bem escolhidos, tanto no quesito da personalidade, quanto no tom abrasileirado que encontraram para dar voz a cada personagem – que aliás muitos deles você nem reconhece.

Esteticamente, a animação é super bem feita e linda. Nessa nova era de animações com diferentes técnicas artísticas vindo para as telas de cinema – vulgo Spiderverse e Turning Red Os Caras Malvados entram nesse tier list. A começar com além da utilização do próprio 3D para modelagem de tudo, temos uma pitada de traços muito utilizados em mangá e até em quadrinhos, indo desde as expressões faciais até o próprio gestual – a chefe de polícia por exemplo, há uma cena que ela faz uma pose muito parecida com o Grande Saiyaman de Dragon Ball Z. Aliás esse tipo de técnica não vimos em nenhuma produção da DreamWorks, o que já é algo bem inovador. Os cenários riquíssimos de detalhes, com uma Los Angeles bem ensolarada trazendo o clima quente que a cidade tem com as cores bem vívidas e alegres.

Em conclusão, Os Caras Malvados é um acerto muito bem dado no nosso coração que faz nos apaixonarmos em mais uma produção da DreamWorks, cujo histórico tem animações envolventes, cativantes e também emocionantes. Aqui muitas lições são dadas para nós: ter a aceitação, lealdade, amizade, não ter resiliência, saber lidar com a mudança dos próprios sentimentos, ter persistência no que você quer e incentivar seus amigos, saber que seus atos podem ter consequências bem sérias, além de ter a força feminina presente e também a lição principal que vale para todos: não julgar um livro pela capa. Não é porque eles passam a imagem de serem maus, que eles são maus.

É uma animação válida para toda a família, de crianças até idosos. Garantindo muitas reviravoltas, humor e muita ação do começo ao fim, Os Caras Malvados vem como uma nova franquia que tem tudo para dar certo, como fizeram a de Shrek e Kung Fu Panda.

Os Caras Malvados chegam nessa quinta-feira, 17 de março nos cinemas.

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