CRÍTICA: Fate: A Saga Winx é um bom fanservice para fãs do desenho

Quando a Netflix confirmou o live action de O Clube das Winx em dezembro do ano passado, confesso que em partes fiquei com um pé atrás. Isso porque eu, pessoalmente, acho que nem todas animações devem ser transformadas num live action. Mas, por outro lado, também fiquei animada porque, assim como grande parte das crianças dos anos 2000, eu também era muito fã do desenho. Acompanhar as aventuras das fadas Bloom, Stella, Flora, Musa, Tecna e Aisha, ao lado dos especialistas, combatendo as maldades das Trix, foi uma das melhores e mais nostálgicas partes da minha infância. 

No entanto, assim como todo live action, a adaptação da Netflix também tinha suas características próprias e diferenças com o desenho. Além da mudança de nome de Flora para Terra, os poderes da Musa foram de fada da música para fada da mente, e a Tecna, fada da tecnologia, fora simplesmente esquecida para dar espaço a Beatrix, fada do ar. Assim como alguns fãs relataram suas críticas no Twitter, junto ao fato da escolha da plataforma de atrizes brancas para darem vida a personagens não-brancas, isso fez com que as minhas expectativas para a série ficassem um pouco baixas – já que a Musa sempre foi a minha fada preferida e a Tecna era essencial no Clube das Winx. Mas resolvi dar uma chance mesmo assim.

Fate: A Saga Winx estreou na última sexta-feira (22) na Netflix, com um total de 6 episódios, e mostra logo de cara a protagonista Bloom (Abigail Cowen) tentando se encontrar em meio à sua nova realidade como fada em Alfea. Se no desenho o contato dela com o universo mágico se deu de forma mais “receptiva” com Stella como mensageira e amiga nesta nova jornada, a adaptação não deixou totalmente claro como Bloom foi parar neste mundo, em que, inclusive, Stella (Hannah van der Westhuysen) tem uma personalidade mais egocêntrica e menos amigável do que na animação.

Além da princesa de Solária, as outras Winx também tiveram algumas mudanças em suas personalidades: Terra (Eliot Salt), é uma jovem insegura por estar fora dos padrões, mas é ao mesmo tempo amigável e acolhedora; Musa (Elisha Applebaum) é mais reservada e tem junto de si sempre seus headphones, em favor de seu próprio bem estar; e Aisha (Precious Mustapha), é uma atleta focada, determinada e a favor de seguir as regras. Já em relação aos especialistas, Sky (Danny Griffin) e Riven (Freddie Thorp) são os únicos representantes dos originais, com os agravantes de que Sky tem um relacionamento complicado com Stella e não é da realeza, e Riven é uma versão “proibida para maiores” do bad boy da animação.

A trama principal da série alinha-se com a do desenho no fato de que, ao descobrir ser uma fada, Bloom vai para a escola de magia Alfea para aprender a controlar seus poderes e, assim, tornar-se uma das criaturas mais poderosas do universo mágico, por ser detentora da chama do dragão. No entanto, essa história é contada por meio de uma perspectiva mais sombria ao colocar Bloom como a responsável por um acidente com seus pais humanos e com um novo mistério sobre como ela foi colocada no mundo humano e qual é sua verdadeira origem. Em paralelo a isso, Fate mostra os ataques de criaturas perigosas e fatais conhecidas como Queimados (ou Burnouts), que têm a missão de destruir o universo mágico e seus habitantes. E, é em meio a essa narrativa que somos apresentados a Beatrix (Sadie Soverall), uma fada que controla o ar e suas partículas e infiltra-se em Alfea por motivos obscuros e suspeitos.

Se no começo Fate: A Saga Winx não prende tanto por dar foco excessivo às adaptações de Bloom em Alfea, o final de cada episódio mostra-se o grande incentivo para continuar a assistir a série, na tentativa de desvendar certos mistérios e ver se Bloom e Sky finalmente admitem os sentimentos que têm um pelo outro. Seguindo uma linha similar a de O Mundo Sombrio de Sabrina em relação aos cenários, monstros e às representações dos poderes das fadas, essa mostra-se uma das grandes decepções deixadas pela Netflix, que poderia ter sido bem melhor explorada tanto em termos de efeitos especiais, quanto na própria adaptação ao desenho, em que a transformação das Winx é representada com asas, um traje especial e a saudosa trilha sonora “podem desistir, pois com toda fé que temos na magia sei que vamos derrotar as Trix”. A ausência das icônicas Trix e do grupo original dos especialistas também são pontos negativos do live action.

Apesar de algumas questões não terem sido bem explicadas ao longo da série, Fate: A Saga Winx conta com uma narrativa coerente e um final emocionante, podendo ser considerada um bom fanservice para os amantes do desenho especialmente por manter a amizade e a união entre as fadas (com a esperança de que isso se prolongue em uma próxima temporada). Além disso, o live action trouxe ainda algumas inovações importantes em meio aos tempos em que vivemos, como o fato de que os homens também podem ser fadas, como o irmão de Terra, Sam (Jacob Dudman), e um leeeve debate sobre questões de sexualidade, com o calouro Dane (Theo Graham) como representante. Agora é torcer para que a Netflix confirme o quanto antes a 2ª temporada!

Você também pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *