As Panteras (2019) – Crítica

A franquia As Panteras (ou Charlie’s Angels, no original) possui uma trajetória que teve início em 1976 em uma série de TV responsável por levar Farrah Fawcett – aquela do spray de cabelo do Dustin, em Stranger Things – ao estrelato. A série durou cinco anos e foi nela que surgiram diversos elementos presentes até hoje no universo, do mistério de Charlie até o famoso diálogo “Bom dia, Angels! – Bom dia Charlie!”.

Nos anos 2000, a produtora de Drew Berrymore decidiu realizar o primeiro reboot da série em formato de filme. A própria atriz, juntamente com Cameron Diaz e Lucy Liu deram vida Às Panteras e estrelaram o longa metragem, que deixou de lado o tom dramático que a série possuía e apostou mais no humor, e foi um sucesso. O filme ainda ganhou uma sequência três anos depois – As Panteras Detonando – mas que não agradou tanto.

Após uma nova tentativa de série em 2011, chegamos em 2019 no lançamento de um novo filme dirigido, pela primeira vez na história da franquia, por uma mulher: Elizabeth Banks (A Escolha Perfeita 2), que também interpreta Bosley, agora um cargo da agência Townsend.

Com Kristen Stewart (Sabina), Ella Balinska (Jane) e Naomi Scott (Elena) nos papéis principais, o filme ganha não só em termos de desenvolvimento da relação das Panteras, mas também em aprofundamento do próprio universo. Acrescente a isso muito girl power feito do jeito certo e temos o filme de ação que nós mulheres precisávamos.

No enredo, uma engenheira denuncia uma perigosa tecnologia de uma grande empresa e As Panteras precisam entrar em ação. No início da produção é possível perceber que o filme não se coloca como um reboot, mas sim uma espécie de continuação. Existem diversas referências que farão os fãs dos filmes dos anos 2000 pular da cadeira e dar muita risada.

O filme passa por diversas cidades do mundo e tem sua cena de abertura localizada no Rio de Janeiro, ao som de Anitta. Inclusive outro ponto de destaque é a trilha sonora que, assim como a produção, é composta majoritariamente por mulheres.

O roteiro é bem amarrado e quase nada é esquecido ou exibido sem objetivo, mas isso também faz com que alguns poucos momentos se tornem repetitivos. Um dos gadgets, por exemplo, é utilizado em três momentos distintos, quando poderia ter dado lugar a um maior detalhamento do armamento como um todo.

Com um timing cômico bem acertado e ótimas piadas, As Panteras peca em algumas cenas de ação que acabam fazendo o espectador se perder no espaço nas quais elas acontecem. Ainda assim, elas são totalmente compreensíveis e em momento algum caem na famosa “câmera na mão” que nos deixa desorientadas.

Existem diversas cenas nas quais fica claro a importância de uma direção feminina. Sem exageros de sensualidade, objetificação do corpo, figurinos extremamente curtos ou colados, nem ângulos de câmera absurdos, enxergamos essas espiãs por suas habilidades e inteligência, não por seus corpos. Além disso, praticamente todos os homens do filme são caricatos: pouco inteligentes, arrogantes, nerds e até sem falas. Uma clara provocação aos infindáveis papéis repetitivos do sexo feminino nas produções.

As cenas entre os créditos são um show à parte. Com participações que são muito mais que especiais, prepare-se para uma enxurrada de mulheres incríveis que vão encher os olhos e, claro, fazer rir bastante.

As Panteras (2019) é um típico filme de ação que não tenta reinventar a roda. Possui algumas reviravoltas esperadas – outras nem tanto – e alguns clichês do gênero, mas coloca o holofote em algo que estávamos precisando há algum tempo: protagonistas femininas. E quando dizemos protagonistas não nos referimos apenas às três Panteras, mas a todo um universo que mostra que representatividade não é apenas o que vemos na tela, mas também o que está por trás dela.

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