CRÍTICA: A Lenda de Candyman

Em 1984 o escritor britânico Cliver Barker criou um conto chamado “The Forbidden”, que conta a lenda urbana de Candyman e quando se fala cinco vezes o nome dele na frente do espelho ele aparecerá para te matar, oito anos depois surge uma adaptação chamada O Mistério de Candyman com o primeiro protagonista preto em longas de terror/suspense o que acaba virando uma trilogia dirigida por Bernard Rose e quase trinta anos depois, trazendo um novo significado e sendo uma continuação espiritual, A Lenda de Candyman, com agora uma perspectiva preta, com a direção de Nia DaCosta que faz o roteiro ao lado de Jordan Peele e Win Rosenfeld, se aprofunda mais sobre a lenda urbana e a mitologia do original e explora questões raciais que ainda vivemos no século XXI e trazendo uma mensagem nova mais complexa.

 

A Lenda de Candyman atualiza original e usa terror para fazer sátira social  · Notícias da TV(Imagem: Divulgação / Universal Pictures)

 

Calma, A Lenda de Candyman é uma sequência que traz mais requerimento para a história, e mostra ela de uma maneira diferente, o cenário do terror atual é diferente de quando lançou o primeiro filme, e é isso que esse longa mostra, traz um enriquecimento e profundidade da lenda ao mesmo tempo mostra questões raciais, se aperfeiçoando em uma narrativa racial-social, e nunca apagando a história que aconteceu em no bairro pobre de Chicago, no complexo habitacional Cabini Green.

 

 

O pintor Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen II) nosso protagonista e sua namorada, a diretora da galeria, Brianna Cartwright (Teyonah Parris), vivem na parte renovada de Cabini Green que virou um local para moradores de classe alta. Anthony um artista visual que está passando por um bloqueio criativo e está sendo pressionado a fazer uma nova arte, então um dia uma visita de seu cunhado que conta a lenda urbana de Candyman, um espírito assassino que assombrou o complexo nacional de Cabini, a história é distorcida dos eventos de 1992, e conta sobre Helene Lyle, uma mulher branca foi estudar sobre habitação pública em Chicago no Cabini, acaba conhecendo a lenda de Candyman e enlouquecendo.

Anthony fica muito curioso com a história, e encontra a lenda como uma inspiração para suas próximas obras, então começa investigar toda a história que cerca os moradores de Cabini-Green até se deparar com a verdadeira história de Candyman, contada por William Burke (Colman Domingo) um antigo morador do conjunto habitacional, a partir daí o filme mostra outro significado para lenda de Candyman, uma lenda urbana que assustou moradores durantes anos, mostrando que não é apenas um horror paranormal e sim também o racismo, Candyman é ódio mais antigo que empobrece nossa sociedade a muitos e muitos anos.

 

Crítica | A Lenda de Candyman | República do Medo(Imagem: Divulgação / Universal Pictures)

 

Esse longa é um manifesto, é algo que precisamos para os dias atuais que estamos vivendo, onde ainda existe racismo está na nossa cara, as questões raciais são bem apresentadas nesse filme, quando eu falo que o horror não desse longa não é apenas as cenas de alta tensão, o clima de suspense, a direção incrível de Nia Dacosta que mostra sua criatividade tornando o Candyman como um assassino do espelho mostrando as cenas de violência pura, o horror desse filme também é um retrato de cenas que infelizmente ainda são atuais na vida de muitas pessoas pretas, o que é mostrado na cena final e ao decorrer do filme que mostra que a lenda de Candyman é apenas a resposta de algo que sociedade ainda mantém.

O roteiro é muito bem feito, é um detalhe, é um enriquecimento de história, para passar a mensagem por trás sobre a questão racial, tem algumas coisas que são apresentadas que eu gostaria que fossem explicadas, mas fora isso o roteiro é perfeito e bem criado em tudo que se propõe a apresentar e mostrar sua crítica e explorar a fundo questão racial-social, como mostrada no filme, ainda sim presente na nossa sociedade e devemos abrir os olhos e contar. O longa também abre espaço para os temas de gentrificação, marginalização, e como a população predominantemente preta de áreas periféricas é feita de massa de manobra pela especulação imobiliária, Jordan Peele, Nia DaCosta e Win Rosenfeld foram impecáveis.

 

A diretora de “Candyman” acha que você não deveria assistir ao filme  sozinho – Categoria Nerd(Imagem: Divulgação / Universal Pictures)

 

Visualmente também mostra o talento de Nia DaCosta, o posicionamento da câmera ao longo do filme, uma fotografia impressionante ao decorrer do filme, com uma das melhores cenas de abertura mostrando os grandes arranha-céus filmados de cabeça para baixo como espelhos, todos os pequenos detalhes passados nesse filme mostra que é um dos grandes lançamentos de horror dos últimos tempos, entrando nessa nova era de terror/suspense do cinemas, com terror psicológico. 

O elenco é também a grande estrela desse filme, principalmente Abdul-Mateen II que mostra todos os estilos de terror, desde cenas de loucura e alucinação para cenas envolvendo violações perturbadoras com o corpo, Teyonah Parris mostra cada vez mais o quanto sua atuação é impecável, principalmente na cena final.

 

Foto de Teyonah Parris - A Lenda de Candyman : Foto Teyonah Parris, Yahya  Abdul-Mateen II - AdoroCinema(Imagem: Divulgação / Universal Pictures)

 

A Lenda de Candyman, entrega em fan service, mostrando referências aos antigos filmes, então os fãs de trilogia podem ficar despreocupados com isso. Esse longa é necessário, precisamos de filmes assim, ele é um reflexo do racismo estrutural no mundo, como disse no começo da crítica, Candyman é apenas uma resposta, a toda violência racial vivida durante anos, o terror é brutal e mostra que deixa marcas profundas. A história que se apresenta não é uma ficção e sim uma realidade cruel que ainda está presente na nossa realidade.

A Lenda de Candyman, lançou nos cinemas, nessa quinta-feira (26), é uma boa indicação para fãs do gênero de Terror/Suspense.

 

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