Nas últimas semanas a internet foi tomada por críticas e análises da série Severance, ou Ruptura em português. Com transmissão iniciada em 18 de fevereiro e lançamentos semanais de episódios, foi após chegar ao seu final, no início de abril, que veio o boom de divulgação orgânica. Não por acaso, afinal é uma produção que cresce exponencialmente à medida que sua história é desenvolvida e tem seu ápice no season finale.
Severance é uma série de ficção científica que acompanha Mark S., um ex-professor que após alguns acontecimentos em sua vida decide trabalhar para a empresa Lumen e passar pelo processo de ruptura. Neste procedimento as memórias do trabalho são completamente separadas das memórias pessoais, fazendo com que existam praticamente duas personalidades de uma única pessoa.
Apenas com esta sinopse já é possível inferir dezenas de paralelos da nossa própria relação com o trabalho e o peso dele em nossas vidas, mas a série vai além deste conceito básico e insere ainda discussões de âmbito religioso, psicológico e muitos outros. Neste sentido, podemos afirmar que Severance exerce perfeitamente o seu papel de ficção científica que questiona e põe em discussão o modelo social no qual vivemos.
Mas nem só de paralelos e discussões se faz uma série. Ruptura dá um show novamente quando falamos de quesitos técnicos. O elenco estelar conta com Adam Scott no papel de Mark, John Turturro como seu colega de trabalho Irving, Patricia Arquette como a chefe Ms Corbel e ainda participação especial de Christopher Walken. Todos excelentes em suas atuações, assim como Britt Lower como Helly, conseguem deixar explícito em tela as pequenas variações e diferenças de seus personagens dentro e fora do trabalho. Mérito também da direção precisa assinada por Ben Stiller e Aoife McArdle, ainda que seja extremamente necessário destacar o trabalho de fotografia de Jessica Lee Gagne, que consegue nos apresentar um ambiente extremamente frio, asséptico e confuso, mas quebrar isso constantemente com cenas de comemorações e falsas felicidades que deixam tudo ainda mais estranho e fora de lugar.
A ascensão da Apple TV+ ao topo da lista de streamings
Severance é mais uma produção de Apple TV+. Um streaming com menos de três anos no ar, mas que sempre conseguiu mostrar todo seu potencial. Lançado em novembro de 2019, no primeiro ano já emplacou uma das principais séries dos prêmios da TV, The Morning Show, com 8 indicações no Emmy Awards de 2020 e 18 nomeações para a plataforma no total. Já no ano seguinte veio a avalanche de Ted Lasso, com 20 indicações e 7 prêmios conquistados, sendo o segundo ganhador mais importante da noite atrás apenas da gigante The Crown. Na premiação seguinte, em 2021, o streaming alavancou suas indicações para 35, praticamente o dobro em apenas um ano.
Quando falamos em todas as premiações, no início deste ano a Apple TV+ já fazia história com 190 vencedores e 763 indicações. Isso antes de marcar presença no Oscar 2022 com The Tragedy of Macbeth e ainda a vitória de CODA (No Ritmo do Coração) como Melhor Filme, que apesar de aqui no Brasil estar no catálogo do Prime Video, é da Apple os direitos de distribuição.
De 2019 para cá, o streaming teve uma grande alavancada em quantidade de produções, sem deixar o nível cair e mantendo a continuidade – existem séries na plataforma que já estão em sua terceira temporada. Basta estar minimamente por dentro da bolha de criadores de conteúdos sobre séries que você com certeza já ouviu falar de nomes como Defending Jacob, Fundação, For All Manking e, claro, The Morning Show e Ted Lasso.
E o que quase todas as séries da Apple TV+ possuem em comum? Nomes de peso. Dentro da plataforma é possível encontrar produções com Jennifer Aniston, Reese Whitherspoon, Jared Harris, Lee Pace, Hailee Steinfield, Jason Momoa, Nicole Kidman, Issa Rae, Cynthia Erivo, Youn Yuh Jung, Lee Minho, Elizabeth Moss, Wagner Moura e muitos outros. Isso sem entrar nos envolvidos em direção e produção, o que deixaria a lista ainda mais extensa.
A HBO, que começou sua produção de séries no início dos anos 2000, se consolidou como sinônimo de qualidade. É, ainda hoje, uma das grandes indicadas em todos os prêmios da TV – só a título de comparação, teve 130 indicações no último Emmy Awards. Enquanto Netflix aposta em quantidade, a Apple TV+ mostra que tem capacidade para brigar não só pelo topo da lista das premiações, mas de igual para igual no quesito qualidade com a maior de todas.
Severance com certeza será uma das grandes indicadas da temporada, provavelmente enfrentando a queridinha Succession – da HBO –, com toda a capacidade para desbancar a concorrente. Se isso acontecer, a Apple TV+ se consolidará de vez no topo. E, se não acontecer, o futuro da gigante de tecnologia continua prometendo grandes séries, alta qualidade, com uma experiência de usuário impressionante e, ainda por cima, um preço muito atrativo.