O que é o luto? Como superar o luto?
Esse texto trará experiências pessoais para demonstrar como uma narrativa televisiva pode representar a nossa vida.
One Piece é um dos animes mais famosos do mundo e já ultrapassou o capítulo 1.000 no mangá e em breve estará chegando no anime.
Em meio a tantas histórias, temos Luffy, o capitão que usa um chapéu de palha, feito de borracha, e que exala uma pureza absurda, trazendo uma empatia enorme aos espectadores. Do outro lado, temos Ace, o irmão mais velho de Luffy, com o poder do fogo (resumindo) e que é um dos principais capitães dos piratas do Barba Branca, um pirata famoso e muito poderoso.
Por uma razão que acho que não é necessária a ser dita aqui (mais spoilers), Ace se vê em uma jornada moral, vingar a morte de um companheiro, mas, o que ele não sabia, é que isso acabaria o levando até o leito da morte.
Sendo um pirata muito famoso e respeitado, a Marinha prende Ace e anuncia sua execução, o que faz com que Luffy e Barba Branca tentem resgatar o homem. Isso gera uma grande guerra entre Marinha, aliados e piratas.
Guerra vai, guerra, vem. Baixas acontecem e Ace se sente culpado ao ver pessoas morrerem em seu nome, querendo salvá-lo. Seu “pai” Barba Branca tenta de tudo para liberar o “filho” das garras da Marinha e, mesmo muito doente, luta com toda a sua força.
Acontece que, assim como na vida, filmes, séries, animes, o que seja, nem tudo são flores. Nossos pesadelos do mundo real também acontecem no mundo fictício. Assim, em uma luta, Ace tenta proteger seu irmão, é atingido e morre nos braços de Luffy.
Nesse momento, Luffy fica sem expressão. Ele não reage mais. Luffy simplesmente desligou. [NEGAÇÃO]
Peço licença para fazer uma comparação com a vida real. Muitas vezes quando passamos por um processo parecido, também chegamos ao ponto de desligar. A recusa, o “não acredito” e o medo pelo que aconteceu acaba nos tomando e viramos Luffy.
No anime, Luffy precisa ser resgatado por outro pirata – que nem é seu amigo -. Law, o nome do pirata, é um médico que trata das feridas de Luffy, mas falamos de suas feridas de batalha. A perda do irmão continuou como ferida para Luffy, que ficou por um bom tempo desacordado.
Ao acordar (episódio 491), Luffy se depara com a vida sem seu irmão. Ele se sente perdido, quer destruir tudo ao seu redor, ele não aceita, ele não quer viver em um mundo sem quem ele amava muito. [RAIVA] Mas, é nesse momento em que, Jinbe, um personagem super importante, aparece e tem uma espécie de conversa com o pirata do chapéu de palha.
“Você nunca encontrará o seu caminho deste jeito, porque você está sendo engolido pela escuridão da culpa e do remorso” diz Jinbe enquanto Luffy se vê com os ouvidos tapados e de olhos fechados, relembrando todos os momentos que passou durante a morte de seu irmão.
“Não pense que perdeu tudo. Você não pode ignorar aquilo que ainda não perdeu. O que é que você tem?” continua Jinbe. Nesse momento, Luffy para, olha para seus dedos e começa a contar de um a um, lembrando de sua tripulação, seu mais valioso tesouro, seus amigos. A partir desse momento, ele vê que a vida precisa continuar e que deve ser forte por quem ele ama e quer continuar ao lado.
De certa forma, Marineford nos ensina muito sobre o luto, mas esse episódio, em especial, demonstra como é a dificuldade de viver o luto e como podemos, aos poucos, caminhar para amenizar nossas feridas.
É importante que tenhamos em mente quem nós somos e quem temos ao nosso redor para que possamos contar. É importante seguir em frente, não só por quem está aqui, mas por quem já foi.
A partir daí, Luffy entende o recado: ele precisa continuar, em nome de seu irmão. Ele precisa ter forças, em nome de seu irmão. Ele precisa continuar. [ACEITAÇÃO]
E assim é a nossa vida quando passamos por esses momentos. Nós sofremos, mas precisamos continuar… por quem amamos e acabou indo embora.
1 comentário
Arrasou, é isso aí.
One piece tem muito a expressar e conectar com nossas vidas.
Esse momento tem muito peso, carga e importância pra vida do Luffy e também para quem acompanha a jornada dele.