O papel cada vez mais essencial das relações humanas, sobretudo no mundo pós-pandemia, reflete-se em Brilho Eterno, montagem que traz ao palco nos papéis principais os atores Reynaldo Gianecchini e Tainá Müller, com idealização, direção e encenação de Jorge Farjalla. O espetáculo é apresentado pelo Ministério do Turismo e Faculdade São Leopoldo Mandic, com patrocínio de Seguros Unimed e Petro Rio, e estreia em São Paulo no dia 25 de março de 2022, no Teatro Procópio Ferreira. A temporada, prevista até 12 de junho, terá sessões às sexta-feiras (21h), sábados (17h e 21h) e domingos (18h). Inclusive o espetáculo está com uma ação imperdível para o Dia das Mães! Todos aqueles que comprarem dois ingressos ou mais para a apresentação do dia 8 de maio (domingo), às 18h, garantirão 50% de desconto no valor da compra! Vale destacar que a promoção não será cumulativa com outra em vigência e não é válida para os ingressos de meia-entrada. Os ingressos já estão disponíveis em www.sympla.com.br e na bilheteria do Teatro.
Livremente inspirado no longa “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” – roteiro de Charlie Kaufman premiado com o Oscar, dirigido por Michel Gondry e estrelado por Jim Carrey (Joel) e Kate Winslet (Clementine), Brilho Eterno, que traz no elenco ainda Wilson de Santos, Renata Brás, Fábio Ventura e Tom Karabachian, questiona, de maneira lúdica e por muitas vezes cômica, o quanto as pessoas se mostram dispostas a viver situações de sofrimento por amor durante a vida.
A encenação consolida o encontro artístico entre Farjalla e Gianecchini, que também co-produz a montagem, ao lado de Daniella Griesi (Solo Entretenimento), Marco Griesi (Palco 7 Produções) e Renata Alvim (Rega Início Produções), como produtores associados.
A parceria havia sido idealizada há mais de quatro anos, imediatamente após o diretor revelar ao ator seus planos para o texto. Contudo, compromissos profissionais de ambos e, posteriormente, a pandemia da Covid-19, adiaram temporariamente o projeto.
Uma nova história – Com dramaturgia de André Magalhães e do próprio Farjalla, Brilho Eterno não conta no palco a história já vista nas telas.
Para Reynaldo Gianecchini, o espetáculo presta uma homenagem ao filme e seus fãs, mas, ao propor uma nova trama atualizada e contada de maneira leve de forma não linear – variando entre presente, passado e alucinação -, permite que cada espectador “monte seu quebra-cabeças”, encontrando outros significados a partir das próprias experiências.
“Você pode até apagar um amor da mente, mas não pode apagar do coração. O brilho eterno é esse, o que não se apaga. Acredito que esta essência é a maior conexão entre a peça, o filme e o público que irá nos assistir”, resume.
A convicção de que os afetos e os valores passaram por grandes transformações desde o lançamento do filme (2004) também foi um elemento preponderante no processo de criação da peça. Mais à frente, foi preciso levar em consideração ainda o impacto da crise global de saúde global no cotidiano.
Tainá Müller ressalta que, por tudo isso, alguns temas da obra original, ainda que tenham marcado o imaginário de uma geração, hoje podem ser discutidos de outra forma, especialmente a representatividade feminina. Para tanto, a peça investe em uma abordagem mais contemporânea e equilibrada entre os protagonistas.
“Era preciso compreender quem são, hoje em dia, esse homem e essa mulher. Além disso, em nossos diálogos, concordamos que a personagem feminina deveria estar em cena mais como ‘sujeito’ e menos como ‘objeto transformador’ do personagem masculino”, relata a atriz.
Jorge Farjalla acrescenta: “Joel e Clementine, personagens originais, servem como referência e espelho para Jesse (Reynaldo Gianecchini) e Celine (Tainá Müller), porque ambos são fascinados pelo filme. Mas a partir daí criamos um novo texto que obviamente traz elementos e o fio condutor do original, mas com outros personagens e situações em torno dos protagonistas”.
O espetáculo, por sinal, sugere uma ruptura do diretor e encenador com o estilo barroco – consagrado em trabalhos recentes como Dorotéia (2017), Senhora dos Afogados (2018) e O Mistério de Irma Vap (2019). Desta vez, ele aprofunda seu olhar sobre o fazer teatral e a teatralidade da cena, colocando-os em primeiro plano.
Esta intenção se manifesta ora com elementos mais realistas – desde a concepção dos figurinos casuais, também assinados pelo diretor, até o jogo proposto entre atores, objetos e adereços -, ora envolto em um universo mítico – como a referência à Caixa de Pandora, base da cenografia de Rogério Falcão, que dialoga com o intenso design de luz de César Pivetti e a precisa música original de Dan Maia. Na visão do diretor, essa tríade no jogo cênico ganha status de personagem durante a montagem.
“Tenho refletido ultimamente sobre o quanto será importante fazer teatro desta forma, falando sobre amores e dores, com leveza e humor em certos momentos. A pandemia tem nos mostrado diariamente a importância dessas relações para o todo”, conclui o diretor.
O que nos faria repensar o conceito de “amor à primeira vista”? Em que momento percebemos que uma relação não deu certo ou mesmo procuramos entender os pontos de interesse em desencontro para salvar o essencial ao animal humano: a troca?
Eros, o amor romântico; Ludus, o amor passageiro; Pragma, o amor maduro; Philia, a amizade; Philautia, o próprio; Storge, o amor consanguíneo, e por fim, Ágape, o amor universal.
Seriam variantes de um mesmo tema? Diferentes cepas de uma pandemia? Um sintoma que exige um tratamento pontual ou um mal autoimune que requer cuidados durante toda a sobrevida?
Jesse e Celine sentem a necessidade um do outro, de maneiras e intensidades diferentes. Com a detecção de uma incompatibilidade, a necessidade continua sendo o mote da relação do casal, mas não a do amor dependente, cinematográfico e de últimos capítulos. Que o amor gera sofrimento todos sabemos, ao menos aqueles que já amaram, de fato. O quanto as pessoas estão disponíveis a assumir esses momentos de sofrimento durante a vida?
Isso é o que nos questiona “Brilho Eterno” de maneira lúdica, mas não leve de efeitos colaterais.