CRÍTICA | Sonic 2: O Filme é a sequência que eletrifica a nostalgia do antigo fã para os tempos atuais

De uns tempos para cá,  as adaptações em filmes e séries live-action dos games não tem sido um desastre total. Claro que há exceções, mas por incrível que pareça são menos corriqueiras do que era antigamente, trazendo filmes como Detetive PikachuSonic: O Filme ou séries como The Witcher e Arcane que puderam garantir à nós um respiro de alívio por finalmente termos uma segurança em relação aos estúdios adaptarem jogos, respeitando cada universo e também expandido e criando uma nova história.

Fazer adaptações de jogos (principalmente os clássicos) é um prato cheio de remexer a popularidade dele, trabalhando junto com a própria nostalgia do público que consumiu aquele produto e que agora está consumindo outra vez em outro formato e com elementos mais atuais, com um universo próprio. E a saga de Sonic nos cinemas é um exemplo disso.

Quem diria que veríamos aquele mesmo ouriço azul dos jogos de Mega Drive ou Playstation com uma certa humanidade e sendo um ótimo exemplo de adaptações? A Paramount junto com a SEGA conseguiram acertar de novo – e ainda melhor, o enredo do ouriço azul mais amado. Nesse novo filme, Sonic quer provar que tem o necessário para ser um herói de verdade. Seu teste virá com o retorno do Dr. Robotnik, dessa vez com um novo parceiro, Knuckles, à procura de uma esmeralda com o poder de destruir civilizações. Sonic se junta ao seu próprio coadjuvante, Tails, e juntos embarcarão em uma jornada pelo mundo para encontrar a esmeralda, antes que ela caia em mãos erradas.

Podemos dizer que há um certo clichê nesse filme por conta da figurinha repetida sobre o que é ser um herói e o qual seu significado? Sim, mas isso é irrelevante em comparação ao que o diretor Jeff Fowler junto com o seu time de roteiristas Pat Casey & Josh Miller e John Whittington conseguiram fazer: melhorar um pouco mais da qualidade do que era o primeiro filme, sem danificar o universo criado nos cinemas quanto o que ele “representou” na infância de muita gente.

A trama é mais puxada para o que é ser um super-herói, onde referências como “Justiça Azul” e “Soldado Invernal” são até citadas, mas temos ali a mesma tecla batendo da famosa frase que Tio Ben (que aqui é o policial Tom) fala para o Peter Parker: “com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”. Isso já partindo do início do filme, que conforme o tempo vai passando, o desenvolvimento do Sonic vai acontecendo: de um ouriço totalmente irresponsável querendo ser o herói em Green Hill para um ouriço heróico, cheio de aliados e sabendo o valor do que é “família”.

A nova história traz além de muita ação e aventura com os níveis de dificuldades maiores para Sonic (como se tivesse passando de fase, literalmente), há muitas pitadas de comédia e um cuidado especial na mitologia dos jogos. O trabalho do diretor e do time de roteiristas conseguiram amarrar questões que haviam deixadas no primeiro filme e até trabalhar melhor em cenas que pediam para serem melhoradas, tanto de roteiro, quanto de CGI. Como é bom ter um respeito com um material base para adaptação, não é mesmo? Porém isso não foi o requisito maior para que Sonic 2: O Filme fosse algo assertivo. Além do trio famoso Sonic, Tails e Knuckles já serem grandes referências, temos referências ao universo dos personagens, as cenas que reproduzem as fases nos jogos e até referências à cultura pop – envolvendo por exemplo a briga entre atores Vin Diesel e The Rock, no caso.  São duas horas que você acaba nem reparando no tempo e ficando entusiasmado no que está olhando e ouvindo.

Já mencionado o trio, Tails, a genial raposa vinda de outro mundo e Knuckles, o último guardião equidna da Esmeralda Mestre que deseja destruir Sonic, é um espetáculo a parte tanto com um CGI melhorado em 100%, quanto na própria personalidade deles melhorada, mas sem mudar a essência dos personagens. Você acaba tendo uma paixão ainda maior por eles, principalmente por Knuckles, que aqui eles “desconstruíram” o personagem e juntaram peças já passadas no primeiro filme e que muita gente não pode nem ter notado – e que acabou provando do porquê do personagem ter uma série em live-action na Paramount+. A interação com os dois personagens interagindo tanto com o Sonic quanto com o Dr. Robotnik é muito boa, atrelando com a linha que o roteiro foi desenvolvido e com a proposta que o filme tem: a de divertir e de relembrar de tantas horas que você tentava passar alguma fase.

Inclusive algo engraçado nesse filme é que os personagens humanos são meros coadjuvantes. Ou seja, o núcleo envolvendo James Marsden,  Tika Sumpter e  Natasha Rothwell é desinteressante por ter sido abordada uma outra linha e fazendo até desanimar um pouco a história do filme – não é relacionado as interpretações, mas o enredo em si.

Infelizmente algo que me incomodou um pouco foi a quantidade de piadas (muitas delas exageradas) do Dr. Robotnik. Tirando a questão do personagem não ser levado a sério na franquia, aqui eles pecaram muito nas piadas – e elas são constantes, não tem um respiro e isso acaba causando o efeito contrário: cansando. De resto, Jim Carrey continua mantendo o nível do personagem no primeiro filme e trazendo um Dr. Robotnik mais malvado, paranóico e bem mais vingativo. Referências a ele além do próprio visual do bigodudo, há também sua própria história com o Knuckles e dos elementos clássicos que envolvem o vilão.

Em conclusão, Sonic 2: O Filme é o típico filme que não agrada somente a criançada atual, mas a nossa criança interior que passava horas jogando no Mega Drive, pedindo até ajuda para os primos ou pais. Nos pequenos detalhes, Sonic 2: O Filme traz leveza, diversão, nostalgia e cativa o público da menor para a maior idade. Com o terceiro filme já confirmado, temos uma cena pós-crédito deixando um ar mais frio, nervoso e calculista.

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