Desde a Rebelião de Stonewall, em 1969, a sociedade vem se adaptando e criando tentativas de exterminar os vários padrões heteronormativos preconceituosos, impostos por gerações passadas, em nossas vidas. Entre os vários sinais de opressão e invisibilidade relacionados à comunidade LGBT+ na mídia, é possível perceber, por exemplo, um excesso de personagens heterossexuais em filmes e jogos cujo lançamento já pode ser considerado antigo. Observa-se que, felizmente, na década em que vivemos hoje, os produtos de entretenimento passaram a apresentar diversidade de forma ainda não satisfatória o bastante, porém nunca vista antes – e isso é algo positivo.
Após décadas de ignorância, a maioria das pessoas parece finalmente ter compreendido que, independente de suas opiniões em relação à orientação sexual alheia, essas minorias nunca deixarão de existir, e, portanto, não há motivo para escondê-las por trás de uma representatividade exclusivamente hétero. Surpreendentemente, em questões de representação LGBT+ nos meios midiáticos, a indústria de jogos virtuais foi pioneira na criação de personagens homossexuais, embora eles tenham sido tratados pelos próprios criadores dos videogames como motivo de piadas e estereótipos.
Em 1986, quando os primeiros games começavam a aparecer e a tecnologia ainda não era das melhores, a distribuidora Infocom realizou o lançamento do jogo Moonmist – uma aventura de texto com várias possibilidades selecionáveis, em que, em uma dessas possibilidades, o criminoso é uma artista feminina que fica com ciúmes porque sua suposta namorada é casada com um homem. Desde então, dezenas de outros jogos aderiram à iniciativa e passaram a incluir personagens mais diversos em seu catálogo.
Apesar de terem passado despercebidos por várias gerações de gamers, são muitos os protagonistas dos mais diversos jogos que fazem parte da comunidade, como Super Mario Bros. (Birdo), GTA San Andreas (vários personagens), Assassin’s Creed (Abu’l Nuquod), League of Legends (vários personagens), entre outros mais de 50 títulos lançados nas últimas quatro décadas. Os games para celular também não foram esquecidos quando se trata desse assunto, uma vez que até o sucesso Subway Surfers conta com um personagem interssexual (Yutani) em sua versão dinamarquesa.
É triste saber que, mesmo em meio à ampla diversidade que esses lançamentos vem proporcionando ao mundo gamer durante os últimos anos, ainda existem jogadores capazes de afastar o público que tem servido de inspiração para os desenvolvedores de jogos – que se esforçam cada vez mais para criar universos que se pareçam tão diversos quanto a vida real – desse setor tão divertido da comunidade geek. Pesquise! Talvez você esteja evitando um videogame com propostas ótimas apenas pela má reputação que seus usuários construíram naquele meio, portanto, não deixe de se divertir pelo preconceito alheio. Afinal, o botão de silenciar é seu melhor amigo quando se trata de inconveniências virtuais.