Nesta quinta-feira (17), chega aqui no Brasil depois de um mês lançado na gringa, Licorice Pizza, o mais novo filme do diretor aclamado Paul Thomas Anderson, um dos melhores cineastas da atualidade, conhecido por Sangue Negro (2007), Magnólia (2002), Boogie Nights (1997), por uma dos melhores filmes da atualidade Trama Fantasma (2017) e entre outros. Como nenhuma surpresa de quase a maioria dos seus filmes, Licorice Pizza é um dos favoritos da temporada do Oscar, recebendo três indicações de: Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro Original no Oscar 2022.
Paul Thomas Anderson é um gênio quando o assunto é relações, e como ele as trata e como ele quer que seja vista, quase todos os filmes dele, posso me arriscar e dizer todos, são sobre relações, o que cada uma quer passar, Licorice Pizza é sobre o primeiro amor, a descoberta dele, como ele é leve e sutil, faz a gente ter atitudes sem pensar por conta dele, Paul sempre foi mestre em passar demonstrações para os filmes, isso podemos ver em Trama Fantasma (um dos meus filmes favoritos), onde com uma direção bem feita de cena podemos entender o que um personagem quer dizer para o outro sem precisar de um roteiro, ações fazendo os personagens. Licorice Pizza é uma aposta grande do diretor sobre uma das suas visões sobre relacionamento, e principal é sobre o primeiro amor, amor platônico, onde pode ser lembrando ou comparado com uma bela sessão da tarde, ou o filme chamado ‘O Primeiro Amor’ (2010), mas ainda com um toque de Paul Thomas Anderson.
(Divulgação/Universal)
O longa se passa em 1973 e conta sobre Alana Kane (Alana Haim) uma jovem de 25 anos que está indecisa com o que quer da vida e Gary Valentine (Cooper Hoffman) um jovem de 15 anos um ator mirim e metido a empresário, dois jovens que se esbarram no dia da foto anul na escola e suas histórias se cruzam, desde então começam uma longa jornada sobre amadurecimento, crescimento, paixão, desencontros e encontros, tudo isso no vibrante Vale de São Francisco, em Los Angeles, Califórnia (EUA).
Durante o filme o diretor e roteirista, te levam para uma viagem no tempo nos anos 70, mostrando tudo que há de atual na época, a política, modas do momento, tudo que o americano almeja, e como é ser adolescente nos anos 70, um dos principais feitos do filme. Esse ar nostálgico está presente na trilha sonora com Peace Frog, dos Doors; Life on Mars, de David Bowie; e Tomorrow May Not Be Your Day, de Taj Mahal, Paul McCartney a cena que toca Life on Mars, é uma das mais especiais e delicadas do filme. A ambientação do filme é perfeita como disse ali em cima, com toda a estética dos anos 70 e o longa tem muito das cores daquela época, como dito, te dá o sentimento de ser adolescente nos anos 70.
(Divulgação/Universal)
O elenco do filme é o ponto alto do filme, a grande estreia de Cooper Hoffman e Alana Haim, a atriz já conhecida por fazer parte de uma banda com suas irmãs que também trabalham no filme chamada HAIM, e Cooper é filho do Philip Seymour Hoffman que já participou de um longa do PTA (Paul Thomas Anderson), nesse longa também vimos Bradley Cooper, mesmo com pouco tempo de tela tem sua marca no filme, o pai do Leonardo DiCaprio, o George DiCaprio, e a atriz, comediante e esposa do diretor a Maya Rudolph.
O enredo do filme gira em torno de Alana e Gary, que se conhecem no dia de foto anual da escola, desde então Gary mostra que está apaixonado por Alana, que nega de primeira, sempre falando da diferença de idade de ambos, sendo assim tornando-se um amor platônico, e criando uma amizade entre ambos. No decorrer do filme é tudo uma jornada de amadurecimento, crescimento e descoberta de ambos, um lado temos Alana que aos seus 25 anos está descobrindo ainda quem ela é, e de outro temos Gary, o famoso jovem adulto de 15 anos, que é encantador, arrogante, inteligente e metido a empresário, porém ele ainda tem 15 anos, então algumas atitudes dele ao longo do filme são de uma criança de 15 anos.
(Divulgação/Universal)
Então todo o filme é sobre uma jornada de ambos, Paul é um gênio quando o assunto é a complexidade de ações humanas, então ele mostra toda essa euforia do primeiro amor de ambos, com cenas de ciúmes, demonstração e ao decorrer fica essa linha entre amizade e interesse romântico, que no final das contas leva ao amadurecimento de ambos. Ver esse filme faz você rir com os dois, se apega pelos dois personagens, muitas vezes se identificando.
Bom, como nem tudo são flores, há momentos que o filme faz piadas que não são de bom tom: usar de estereótipos asiáticos não é nem um pouco divertido, traz incômodo e não só teve um, mas dois momentos nesse filme que foi usado o estereótipo asiático para alívio cômico, que não incrementava e nem ajudava em nada no enredo de Alana e Gary. Outro momento desconfortável foi a sexualização da mulher preta, mesmo que o filme se passasse nos anos 70, em outra época, foram momentos desconfortáveis de se ver. E algo que mais incomodou, foi trazer o aliciamento de menores – e acredito que eu iria gostar mais do filme se os personagens não acabassem juntos. Todos nós sabemos que o primeiro amor platônico de um menino – em sua maioria – é uma mulher mais velha, pelo qual o filme poderia ter terminado com ambos amigos e o amadurecimento de Gary depois de ter superado esse amor platônico, porém no final do filme ambos acabam juntos sendo assim um casal de personagens de 15 e 25 anos, e sabemos no nome disso né?
O filme como um todo é bom, divertido, carisma, é uma viagem no tempo, te faz querer viver de novo o primeiro amor e todo aquele frio na barriga que ele faz causar, todas suas causas e consequências, uma sessão da tarde feita por Paul Thomas Anderson. Acredito que mesmo com esses problemas citados ele é um forte concorrente ao Oscar e convido todos a assistir para tirar suas próprias conclusões, porque é um filme bem dividido por suas polêmicas.
Relembrando, o filme lança nesta quinta-feira (17) em todos cinemas do Brasil.