CRÍTICA: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Após anos de filmes estrelados por homens brancos, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis chega aos cinemas com o peso de ser o primeiro super-herói asiático a ganhar o protagonismo, além de representar o início de uma nova fase do Universo Cinematográfico da Marvel.

Nele, Shang-Chi (Simiu Liu) é um jovem chinês criado e treinado em artes marciais por seu pai Wenwu (Tony Leung). Após perceber que o pai não é tão humanitário quanto dizia ser, o menino se rebela e vive dez anos longe da família até ser atraído de volta pelo próprio motivo que o fez se afastar.

O filme já começa com um grande trunfo que se mantém durante toda a exibição: o chinês. A contextualização da lenda dos dez anéis, a história dos pais de Shang-Chi e praticamente todos os flashbacks – e são muitos – são falados na língua de origem dos personagens. E quando o inglês é utilizado existe uma preocupação de oferecer alguma explicação. Seja nos momentos que se passam em Nova York ou pela presença de Katy (Awkwafina) que não se comunica muito bem na língua chinesa.

Awkwafina inclusive eleva o nível dos alívios cômicos nos filmes do MCU. Que a atriz é maravilhosa a gente já sabia, mas Katy possui uma personalidade própria e independente dos heróis e vilões da produção. Com poucas pistas de seu passado e frases que vão fazer muitas pessoas se identificar, fica a vontade de ver mais dela o quanto antes.

Os personagens são todos bastante verossímeis e com motivações relevantes. Samiu Liu definitivamente está super confortável no papel principal, mas dá para afirmar que em diversos momentos é Xialing (Meng’er Zhang), sua irmã, quem rouba a cena. A produção também é utilizada para corrigir um dos grandes erros de Homem de Ferro 2, inclusive com a volta de um certo personagem, que, mesmo sem o mea culpa que era necessário, funciona.

Posters Shang-Chi e a Lenda dos Anéis
Posters Shang-Chi e a Lenda dos Anéis. Divulgação

Em um filme no qual artes marciais é um dos temas principais, as lutas são essenciais e Shang-Chi com certeza irá para o topo de lista de filme com as melhores cenas de lutas do MCU. Elas são bastante dinâmicas, compreensíveis e de se admirar. Inclusive o slow motion, que é bastante empregados nesses momentos, acabam sendo mais belos do que irritantes. Ainda que alguns efeitos especiais possam tirar o espectador do filme por alguns segundos, até a utilização dos anéis é bastante interessante visualmente.

Ao introduzir um universo místico e nunca visto no universo da Marvel nos cinemas até então, o terceiro ato é um tanto quanto grandiloquente e inesperado. É neste momento do filme que a cultura chinesa é usada exaustivamente, chegando a deixar a produção na corda bamba entre a referência e o orientalismo, tendendo bastante ao segundo. Sem entrar em grandes spoilers, o emprego do exótico e do encontro de si mesmo em um ambiente oriental é uma cilada que o diretor Destin Daniel Cretton e seus roteiristas infelizmente acabam caindo.

Com muito coração e focado em entender quem você é sem deixar suas origens de lado, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis funciona muito bem sem as amarras do MCU – ainda que tendo referências e conexões –, e é um começo de fase muito promissor para o Universo Cinematográfico da Marvel. Não só prova que o misticismo e a magia terão grande importância no que está por vir, mas também que aparentemente estão dispostos a começar a ousar um pouco mais no futuro.

 Ps: Existem duas cenas pós-créditos. Uma relacionada ao futuro do MCU e a outra ao próprio filme.

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