ANÁLISE: Life is Strange. Sobre amor, emocional, e a solidão.

Life is Strange foi lançado em janeiro de 2015. Desde então, continua no imaginário dos jogadores. E por que? Qual o motivo para um jogo indie, de 2015, ganhar um remake programado para o final de 2021? Seus personagens. Sua história. Todo cuidado narrativo depositado em cada momento daquela história. 

A franquia foi um sucesso tão grande que ganhou uma continuação, chamada Life is Strange: Before The Storm, e Life is Strange 2. Com o dinheiro arrecadado e a explosão do point and click como mecânica e a narrativa guiando sua protagonista, o estúdio DONTNOD e SQUARE ENIX conseguiu lançar outros jogos; sendo o mais importante deles, o recente “Tell Me Why” com protagonismo trans.

O desenvolvimento de Life is Strange durou 3 anos, e a princípio, era apenas um protótipo com um time de 15 pessoas e seu formato foi decidido com base em episódios de seriados. 

Chloe Price e Max Caulfield

E tudo isso começou com o mundo de duas ex-melhores amigas que se reencontram na cidadezinha onde cresceram. Chloe Price e Max Caulfield possuem um grande e receptivo fandom, apesar de existir a opção de Max seguir uma rota hétero durante o conto lúdico. Ambas se conhecem ainda na infância e desenvolvem um laço extremamente forte. Max vive na casa de Chloe, que tem pais felizes, um lar amoroso. Que não dura para sempre, em Life is Strange, nada dura para sempre. 

Max tem de ir embora. O pai de Chloe morre. Max acaba parando de responder as mensagens da melhor amiga, que ao se sentir abandonada, encontra refúgio noutra pessoa: Rachel. As três são bem diferentes. Max é introvertida, Chloe tem o fogo da rebeldia, e Rachel é uma famosa garota popular. No entanto, de novo, nada é o que parece. Todas vivem dramas internos, momentos emocionais, e conforme o jogador vai caminhando na figura de Max, começa a imersão. Na pele de Max Caulfield, você vive no dormitório de sua Faculdade Comunitária e dependendo com quem interage, os locais que caminha, e as conversas que ouve, sua história terá um final diferenciado. 

A imersão emocional em Life is Strange

A solidão é um elemento muito constante durante o jogo, então apesar do público alvo ser entre 17-25 anos ou algo similar, existe a possibilidade de imersão e tornar-se protagonista. Pois o abandono é algo que todos já sofreram. Ou, pelo menos, muitos. Iremos ainda encarar o luto, a perda, o renascimento da vida, e as percepções podem ser sempre diversificadas. Não existe como fugir de um dos sentimentos preparados para te envolver em Life is Strange. Pessoas introvertidas, aliás, podem se identificar muito com ela. Existe toda uma exploração emocional capaz de envolver os dispostos a conhecer melhor os personagens de toda a saga.

Rachel tem seus mistérios, Chloe pode ter sua vida alterada, Max é a agente condutora. O fio do tempo e espaço. Aliás, esse é seu poder: ela consegue voltar no tempo, com gasto de energia, para desfazer algo recente. Cabe à pessoa com o jogo na mão, qual será o destino de toda uma cidade, a pequena e às vezes aconchegante, Arcadia Bay. 

Efeito Borboleta

É um grande épico sobre o Efeito Borboleta, inclusive, a borboleta azul é um dos elementos que guia a personagem e aparece em animações aleatórias no visual do videogame. 

Mas o que é o Efeito Borboleta? É o descoberto pelo matemático Edward Lorenz em 1960; sendo um dos efeitos mais sérios da Teoria do Caos, em curtas palavras, alterações pequenas no princípio de grandes ou pequenos eventos, pode causar uma enorme  alteração neles. Traduzindo, o jogador é agente não apenas da ação, mas da narrativa, das emoções, e do final de absolutamente todos os personagens não jogáveis. 

Processo criativo

São cinco episódios, nos Estados Unidos eles foram lançados assim: 30 de janeiro, 2015 (Chrysalis), 24 de março, 2015 (Out of Time), 19 de maio, 2015 (Chaos Theory), 28 de julho, 2015 (Dark Room) e 20 de outubro de 2015 (Polarized). Vale lembrar que o jogo está disponível em Playstation 3, Playstation 4, Xbox One e Xbox 360. O alcance foi tão grandioso que conseguiu legendas em inglês, russo, japonês, francês, italiano, alemão, espanhol e português.

O diretor do jogo, Raoul Barbet, disse em entrevista:

“Com um jogo completo que fosse lançado de uma só vez, nós não conseguiríamos ter essa grande comunidade. Os intervalos entre episódios foram tempos onde os jogadores podiam discutir os personagens e a história. Além disso, o formato nos ajudou a focar nos personagens completando os espaços em branco. Quando os desenvolvedores ganham respostas dos jogadores entre episódios, nós podemos reagir e ajustar gameplay e desenvolvimento de personagem.”

Comunidade, representação e música

E tudo isso, graças à comunidade. Ao grupo de jogadores que se uniu para explorar e torcer pelos destinos de Max, Chloe e Rachel. Independente de qual fosse, aquela que mais te tocar, ou melhor espelhar uma experiência já vivenciada. Existem alguns destinos já designados, que a grande maioria dos leitores deve saber, e só de tocar Mountains, do grupo Message to Bears, algumas lágrimas podem ser invocadas.

O uso da música em Life is Strange é primordial para o desenvolvimento do game, “Spanish Sahara” de Foals é outra canção capaz de invocar as emoções de quem se envolveu com o mundo de Arcadia Bay.

A representação LGBTQIA+ em Life is Strange é outro elemento diferencial. Você vive a história de amor feminina que quiser, entre personagens com sentimentos verdadeiros, complexos, algo que invoca muito da vida real. Em “Before The Storm”, vivendo Chloe Price, temos uma perspectiva nova sobre a história e os motivos que levaram ela para sua transformação entre o período que Max estava fora da cidade. Durante LIS, já é possível entender, mas em Before the Storm, fãs de Chloe podem explorar em três episódios o arco da órfã cuja única amizade lhe faz embarcar em um mundo solitário, repentinamente colorido por Rachel Amber.

Life is Strange: True Colors

Em setembro desse ano, teremos Life is Strange: True Colors, dia 10. Aliás, dessa vez, o jogo sairá todo de uma vez. É a vez de Alex Chen, que consegue ler mentes, andar pela cidade de Haven e tentar conquistar os nossos corações como o casal (ou trisal) Max, Chloe e Rachel conseguiu. De certo, ela vai. A recepção está sendo calorosa. Ele está sendo produzido pela Deck Nine, o mesmo responsável pelo jogo protagonizado por Chloe Price: Before The Storm. 

Na Steam, já temos um resumo do próximo Life is Strange: 

“É dado início a uma nova e ousada era do premiado Life is Strange, com uma nova protagonista e um mistério eletrizante a ser solucionado!

Faz tempo que Alex Chen reprime a “maldição” que a assola: a habilidade sobrenatural de vivenciar, absorver e manipular as fortes emoções de outras pessoas, que aparecem para ela como auras coloridas e vibrantes.

Após a morte de seu irmão em um suposto acidente, Alex precisa abraçar seu poder instável para descobrir a verdade e desvendar os segredos sombrios de uma pequena cidade.”

Você também pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *