Durante a sexta feira e o final de semana aconteceu o Brotando nas Redes, festival do PerifaCon com a proposta de trazer o evento para o meio virtual. O evento contou com a presença de autores, quadrinistas, coloristas, e fechou com o resultado do concurso de cosplay, a alma dos eventos geeks.
Entrevistamos Gabrielly Oliveira, uma das criadoras do PerifaCon, e discutimos suas expectativas e sensações sobre o evento e o período que vivemos, em que eventos e convenções presenciais parecem tão distantes. Confira a entrevista completa:
1. Como surgiu a ideia da Perifacon ? você acredita que o projeto alcançou as expectativas iniciais que vocês tinham?
G: A ideia surgiu a partir do sonho de criar uma feira com alguns debates e um espaço para pessoas do mundo da ilustração, quadrinistas etc pudessem expor seu trabalho de forma gratuita. Desde o início sempre reforçamos que tinha que ser na periferia e de graça, então surgiu a partir disso, até porque os envolvidos em criar são pessoas de quebrada também. E realmente o projeto alcançou mais do que o dobro, triplo das expectativas. Não sabíamos se as pessoas iriam comparecer, mas superou todas as expectativas de forma muito positiva.
2. Vocês têm interesse em expandir o evento para outras regiões ou estados? Pensam em se aliar a outros grupos que possuem ideais semelhantes onde vocês para realizar essa possível expansão?
G: Quando começamos, a gente sempre quis abraçar o mundo, todas as ideias, então na primeira e também na segunda – que não ocorreu por causa da pandemia – a gente recebia sugestões do público que poderia vir de qualquer lugar do país. Mas queremos mesmo melhorar a edição de São Paulo, até porque somos todos de São Paulo. Sim, queremos expandir, iria ser incrível, mas o foco é expandir dentro de São Paulo antes. Um sonho paralelo, mas mantendo a caminhada de qualidade.
3. a proposta inicial da Perifacon é aproximar as pessoas da periferia da cultura geek/pop/nerd. Para você, nesta situação de pandemia quais são as principais dificuldades de se aproximar deste grupo num evento 100% digital? Vocês acreditam que o contexto pandêmico pode dificultar a participação do público alvo?
G: Eu quero lembrar que a gente tava na metade do caminho pra conseguir fazer a edição física, e isso foi tirado de nós por causa da pandemia. Mas queremos sim fazer uma segunda edição física, maior, melhor, no caminho de progresso para todos. A pandemia impõe sim barreiras porque o con de perifacon é de convenção, então nós queremos sim reunir as pessoas, fisicamente ou não, mas é reunir. Então agora, com o festival brotando nas redes, nós fizemos de certa forma essa união, trazendo nosso conteúdo, então para a gente é essencial – evento físico é nosso carro chefe, mas agora sabemos que não pode acontecer, então estamos buscando maneiras de nos conectar, de checar como estão as pessoas, o mercado nerd, acompanhar as tendências… então é esse o trabalho que a perifacon vem fazendo. Daí nosso público alvo a gente só vai saber com uma análise posterior ao evento, por meio de dados mesmo, mas pelos comentários a gente conseguiu um público fiel que nos acompanha, que agrega, os artistas que somam, compartilham… então sim, nossa maior oportunidade de expansão é no físico, mas no festival Brotando nas Redes é importante para se manter no lugar de reunir as pessoas – mesmo que a distância, como dessa vez. Nós tivemos várias ideias desde 2020, mas a gente acabou chegando nesse formato que a gente tá agora, entendendo que nossa maior esperança é voltar a ter o evento físico nas quebradas de volta o mais breve possível. É um ponto sensível e importante.
4. Vemos a perifacon como algo que além de reunir, transforma a vida de diversas pessoas principalmente dos jovens de periferia. Além dos dias de evento, vocês tem outros meios de se aproximar em e de certa forma acompanhar a vida dessa galera?
G: Além dos dias do evento, os meios que a gente se encontra de se aproximar é por meio do nosso podcast, que debatemos cultura nerd, além das redes sociais, que acompanhamos o universo geek no geral. Mas com certeza o perifacon sonha mesmo em se expandir e agregar de maneiras mais pulverizadas e capilarizadas da forma que agora, mas agora são esses dois pontos.
5. Para finalizar. Quais as suas expectativas para essa edição ? (Aberto para convidar as pessoas)
G: O evento está incrível! Fico animada em vários momentos, ouvindo as respostas dos artistas, em como quantas ideias sabem de um bate papo, em que as pessoas colaboram, como nos guia os sonhos deles, de ganhar uma grana com isso, fazer isso circular, ser o sujeito da própria história em primeira pessoa. E isso pra gente é muito importante – o perifacon é um lugar de conexões e conecta o que já é potente também, então a gente já está conectando, as pessoas que a gente se conecta e se conectou até agora é porque no fundo a gente quer elas saibam que elas precisam continuar sonhando junto com a gente, continuar criando. Porque cada vez que uma artista, ilustra, quadrinista, faz um quadrinho, um sonho em realidade através da cultura nerd, do entretenimento, enfim, isso nos fortalece a continuar e querer que as pessoas se conectem mais e mais e tirar conhecimento dentro da quebrada – que sempre produziu o conhecimento. Fazer que pessoas se conectem e se conheçam, fazer isso continuar acontecendo. A palavra é interconexões, estão todos se movimentando e esses movimentos precisam se conhecer, se conectar, todo mundo junto – como diz um amigo, marchando nos progressos, entende? É um lugar de crescimento, evolução, a produção nos ensina muito, estar nessa posição é acreditar que o nosso sonho não pode morrer.