Raposa & Gengibre é mais uma história contada pela quadrinista e ilustradora Letícia Pusti. De um grau enorme de sensibilidade, a artista se transporta para a pele da Raposa e vive os dilemas de sua vida junto do seu gatinho Gengibre, que, por sinal, era seu gatinho na vida real e que infelizmente faleceu de uma doença muito cruel.
Nesse livro de tirinhas, podemos ver uma certa evolução da Raposa. Percebemos que ela, Raposa, ou melhor, Letícia, se sente perdida, sem saber para onde ir ou como recomeçar sua vida. Aos poucos, a presença do gatinho Gengibre e seus conselhos vão ajudando a Raposa a se questionar e perceber que ela merece uma segunda chance e que é capaz de superar o que parecia insuperável.
Com um texto de uma extrema sensibilidade e ilustrações e cores que transmitem claramente o sentimento da autora, vemos, aos poucos, a caminhada para a superação da Raposa, mas, percebemos que ela ainda não chegou lá.
Poucos trabalhos demonstram tanta proximidade com seu leitor como Raposa & Gengibre. Aqui, a autora não apenas desabafou o que sentia que necessitava “colocar para fora”, mas também compartilhou com seus leitores os seus pequenos passos de uma certa recuperação.
Raposa & Gengibre representa todos nós, tanto a partir do superável, quanto pelo insuperável. O importante é a jornada que fazemos até o ato de superação e, claro, quem está conosco.
ENTREVISTA COM A ARTISTA
G&F: Como foi o processo de realização de Raposa & Gengibre?
Letícia: Foi um processo terapêutico. Eu basicamente desabafava em um bloco de notas e imaginava o que o Gengibre, na condição de alguém que eu acredito ter me amado, diria. Ou o que eu diria pra alguém que amo numa situação dessas. Às vezes conversas com amigos e frases chaves viravam tema de Raposa e Gengibre. Todo o processo criativo envolvia algum tipo de desabafo.
G&F: Nós vemos a Raposa desabafando sua vida e Gengibre a ajudando a pensar sobre como a Raposa é incrível e forte. Sabemos que você é a Raposa. Como está a Raposa agora? Será que poderemos ter uma continuação com a superação da Raposa?
Letícia: A Raposa está mais tranquila. Ainda sofre, acho que toda grande perda vem com um luto grande também. Ainda mais em tempos de pandemia, em que tudo o que se tem é o que aconteceu no passado já que tudo está em espera por conta da quarentena. Apesar de sofrer, já consegue entender que jamais daria certo aquele amor porque era algo em que ela estava sozinha meio que desde o início. Eu gostaria muito de fazer a história da Raposa em uma realidade mais doce pra ela, mas esse ainda não é o momento. Um dia vai, eu acredito.
G&F: Normalmente, um artista coloca sua subjetividade na obra. Nesse caso, esse trabalho foi sobre lidar com algo que lhe abalou. Como você lida com essa vulnerabilidade constante que o artista enfrenta, no sentido de se expor, direta ou indiretamente, para os leitores?
Letícia: Eu lido com naturalidade. Não gosto de forçar uma imagem a meu respeito. Alimento um ideal de deixar as pessoas saberem quem sou e me conhecerem de verdade para se sentirem livres para serem livres comigo e aproveitarmos com sinceridade o tempo que tivermos juntos. Seja em convivência, seja em uma rápida troca de mensagens. Acho que revelo o suficiente pra me preservar, as coisas foram muito pesadas, entende? Eu tirei pra fora o suficiente para que o peso se tornasse viável de carregar.
G&F: O que podemos esperar de novidades do seu trabalho?
Letícia: Estou trabalhando em alguns projetos bem diversificados. Em breve deve ir ao ar uma campanha para financiamento do meu livro Mensagens Positivas com Pitadas de Agressividade, um projeto pelo qual tenho muito carinho! É um projeto com o título bem autoexplicativo também (risos).
Você pode adquirir Raposa & Gengibre (versão digital) através do site da Letícia ou na Amazon!
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