Você já ouviu que os países que lidaram melhor com a pandemia de COVID-19 até agora são liderados por mulheres? De acordo com a TED Conferences, líderes femininas suportam melhor a pressão de uma crise e criam soluções mais rápidas e eficientes para problemas urgentes.
Nova Zelândia, Alemanha, Finlândia, Taiwan e Islândia – todos liderados por mulheres – são cinco exemplos de países que registraram números reduzidos de mortes desde o surgimento do novo coronavírus. Apesar de serem vários os motivos pelos quais jornalistas e cientistas políticos apontam o fenômeno em questão, a diretora do Instituto Global para Liderança Feminina no King’s College London, Rosie Campbell, resumiu todas essas observações em frases simples, durante uma entrevista para a BBC:
“Devido à forma como somos socializados, é mais aceitável que as mulheres sejam líderes mais empáticas e colaborativas. E infelizmente há mais homens que se enquadram na categoria narcisista e hipercompetitiva.”
Onde estamos politicamente?
Em um cenário no qual observa-se dois dos cinco maiores países do mundo sendo intensamente criticados por suas maneiras incompetentes de lidar com a saúde pública e a população em situações críticas, Jair Bolsonaro e Donald Trump são acusados corretamente por Campbell.
“Trump e Bolsonaro estão optando por assumir uma personalidade ultramacho. Não é codificado em sua biologia que eles tenham que se comportar assim, mas estão optando por fazê-lo.” diz a diretora, que também atribui os problemas enfrentados à postura de culpabilização de agentes externos tomada pelos presidentes, da qual surgiu a expressão “vírus chinês” e outras conotações preconceituosas.
É preocupante que esse texto precise ser escrito no formato de uma reportagem jornalística. Caso não fosse, as centenas de informações que poderiam ser utilizadas aqui não ficariam tão claras, e elas precisam ficar. Afinal, não é certo pensar que, por os países com menos incidência de casos ao redor do globo serem governados por mulheres e este ser um portal feminista, essa informação é positiva.
Populações inteiras sendo obrigadas a lidar com decisões masculinas falhas e tendo suas vidas comprometidas por elas nunca será algo a se comemorar. O motivo pelo qual mulheres tendem a se destacar no combate à situações negativas, de acordo com a presidente do conselho consultivo do WomenLift Health, Geeta Rao Gupta, também em entrevista para a BBC, é simples:
“Como mulheres, elas [líderes] experimentaram a vida em papéis e responsabilidades que são afetadas socialmente pelo gênero. Assim, suas perspectivas e decisões provavelmente serão afetadas por essas experiências.”
Acho que todas nós entendemos os papéis e responsabilidades aos quais ela se refere, né?
E a economia, como fica?
Durante o depoimento, Gupta também adverte sobre os possíveis diferentes impactos sociais e econômicos do COVID-19 sobre homens e mulheres. Além do aumento alarmante nos índices de agressão e violência sexual contra mulheres durante a quarentena, que já vem sendo discutidos – e com razão – por internautas desde o início da pandemia no Brasil, é importante destacar, igualmente, as dificuldades financeiras pelo povo, nacional e internacionalmente.
Com a instabilidade enfrentada pelo mercado de trabalho, principalmente em território brasileiro, milhares de funcionários vem sendo mandados embora diariamente. A situação é ainda mais agravante para empregadas domésticas, diaristas e trabalhadoras autônomas, já que o maior índice de mães solteiras, cujos filhos dependem de seu salário para fins educativos e de saúde, se encontra dentro das profissões citadas. Como se não bastasse, a economia mundial também está em crise devido à pandemia, proporcionando, portanto, reflexos devastadores a um país que já está lidando com o dólar à quase seis reais.
Kristalina Georgieva, Diretora Geral do Fundo Monetário Internacional, afirmou o seguinte durante uma conferência TED oficial:
“A pandemia de coronavírus arrasou a economia mundial. Para consertar as coisas, precisamos ter certeza de que o dinheiro está indo para os países que mais necessitam dele, e que reconstruamos sistemas econômicos que são resilientes a essa crise.” A citação incita, por parte dos brasileiros, uma reflexão acerca do histórico político do país, que obviamente não conta com a resiliência citada por Georgieva.
Análises políticas, sociais e econômicas durante períodos difíceis são fundamentais para o funcionamento do planeta Terra como o conhecemos. Mas o que aconteceria se fossem colocadas em pautas, também análises baseadas em gênero? E se nos perguntássemos, com maior frequência…
Onde estaríamos agora se o mundo fosse liderado por mais mulheres?