Quando pensamos nos sucessos da DreamWorks, automaticamente relacionamos essa palavra com Shrek. Afinal, a franquia do ogro verde conquistou o mundo e fez a cultura pop adicionar vários novos personagens ao seu grande catálogo de ícones do cinema. Entre eles, está o Gato de Botas e não demorou muito para que o gatinho de olhos pidões, capa, bota e chapéu conquistasse seu próprio projeto solo. Em 2011, estreava nos cinemas Gato de Botas, alcançando mais de 500 milhões de dólares em bilheteria (resultado ainda mais satisfatório do que o primeiro filme da franquia original), sucesso que confirmou uma sequência para o spin-off.
Onze anos se passaram e aqui estou eu, escrevendo uma crítica sobre Gato de Botas 2: O Último Pedido. Vou confessar que minhas expectativas eram bem baixas, já que eu não acreditava que existia uma história pra contar, os adiamentos vieram com força e o fracasso das sequências fracas de Shrek não creditavam tanta confiança para o segundo filme do gatinho. Eu estava errada.
O Gato de Botas 2 é uma animação necessária sim. Quando o personagem percebe que perdeu a oitava de suas nove vidas, sua única opção é ir atrás da Estrela dos Desejos, aquela que pode conceder para quem a encontrar um pedido do fundo de seu coração, e reaver suas nove vidas novamente. Premissa simples, mas muito bem executada. A animação é do tipo que conversa muito bem com as crianças, mas não perde tempo em aprofundar seus temas para qualquer adulto chorar no cinema. Mesmo que faça parte do Sherekverso, aqui o método usado para conversar com o público é diferente. O humor não é tão ácido e as piadas são realmente mais bobas, mas os temas abordados conseguem ser tão (ou até mais) sérios do que o já visto na franquia até então, afinal, o que você faria se soubesse que está na sua última chance?
Os personagens aqui são bem explorados, tanto o Gato e a Kitty Pata Mansa, já conhecidos em seu antecessor, quanto os personagens adicionados como a Cachinhos Dourados, Joãozinho, o cachorrinho Perrito e um grande destaque para o Lobo Mau. A metalinguagem utilizada para representar o lobo é brilhante e muito bem executada, causando um sentimento de identificação com o personagem principal e seus sentimentos. Sinceramente, o ponto alto do filme, na minha opinião, é essa fuga do protagonista do que seria inevitável e como cada um de nós iria longe por uma segunda chance.
O luto, relacionamentos, amizades e os laços que formamos são sentimentos reais e corriqueiros na sociedade e é fácil entender o motivo de cada um dos personagens procurar uma fuga de tudo o que os preocupa. É até interessante ver a reação do Gato toda vez que o Lobo se aproxima, lembrando muito uma crise de ansiedade que, infelizmente, muitos de nós tem quando passamos por alguma situação que funcione como gatilho pessoal.
A animação é muito bem feita, com traços que lembram bastante os contos de fadas mas um toque de modernização quando os personagens estão, por exemplo, lutando. Tem humor, tem drama, tem road trip, tem aventura, tem até uma alusão aos filmes de faroeste. E isso tudo misturado não vira uma farofa, muito pelo contrário, cada uma dessas temáticas acrescenta a trama. Além, é claro, da equipe de dublagem escolhida a dedo, com destaque para Wagner Moura como o Lobo Mau, além de nomes como Alexandre Moreno, Marcos Veras, Giovanna Ewbank e Guilherme Briggs na dublagem brasileira, e Antonio Banderas, Salma Hayek e Florence Pugh no elenco de dublagem original.
Gato de Botas 2: O Último Desejo é uma ótima pedida para as férias escolares, opção divertida para as crianças e uma reflexão interessante e profunda para os adultos, sobre como é importante valorizar o que se têm e viver cada segundo como se fosse o último.
P.S. O Gato de Botas 2 tem uma cena pós crédito que faz um carinho no coração dos fãs