CRÍTICA: Aves de Rapina (Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa)

Sabe aquele filme que nós precisávamos ver nos cinemas? Um filme bem feito em absolutamente TUDO? Esse é Aves de Rapina (Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa). Um filme de girl Power TOTAL, com cenas de ação de tirarem o fôlego LITERALMENTE, com o humor tirado de suas personagens na medida CERTA, com atuações ótimas, trilha sonora poderosa e super envolvente, história sem nenhuma ponta solta. Era isso que precisávamos e agradeçam muito a Margot por lutar por esse filme.

Bom, então vamos de sinopse: Você já ouviu aquela da policial, do pássaro que canta, da psicopata e da princesa da máfia? Aves de Rapina é um conto distorcido contado pela própria Arlequina, como somente a própria pode contar. Quando o vilão mais narcisista de Gotham, Roman Sionis, e seu zeloso braço direito, Zsasz, têm como alvo uma jovem chamada Cass, a cidade fica de cabeça para baixo procurando por ela. Os caminhos de Arlequina, Caçadora, Canário Negro e Renee Montoya se cruzam e o improvável quarteto não tem escolha a não ser se unir para derrubar Roman. O filme tem como elenco o retorno de Margot Robbie como Arlequina, ao lado de Mary Elizabeth Winstead como Helena Bertinelli/Caçadora; Jurnee Smollett-Bell como Dinah Lance/Canário Negro; Rosie Perez como Renee Montoya; Chris Messina como Victor Zsasz; Ewan McGregor como Roman Sionis/Máscara Negra e Ella Jay Basco como Cassandra “Cass” Cain em seu primeiro filme.

E vamos de aquilo que mais nos interessa, o roteiro! O roteiro daqui foi MUITO bem feito. O jeito como eles trabalharam aqui foi super interessante e certeiro, sem pontas soltas, super fechadinho. Você percebe aqui que a história flui de um jeito super natural, como se nós tivemos uma história de vida e que iremos contar para suas amigas por exemplo. O tom desse filme é super colorido e nos é mostrado uma outra parte de Gotham (quem diria que a Zona Leste seria tão colorida e cheia de vida, ein?). Como eu disse, a história aqui flui de um jeito super natural, super sutil e aí que entra a questão de: ATENTE-SE AOS DETALHES E AO FILME. Por mais que trabalharam de um jeito diferente aqui para contarem a história e a origem de cada personagem, é nos pequenos detalhes que você percebe a ligação deles e dos personagens. Esses detalhes, além de serem da história, estão inclusos os easter-eggs, ok? Além de tudo isso, o humor do filme está na medida certa, sem exageros. Essa leva da DC de dar liberdade criativa a seus diretores está sendo muito mais que bem vinda, viu? Menção honrosa a Christina Hodson, roteirista de Bumbleblee, agora de Birds of Prey e atualmente de Batgirl. Tiro o meu chapéu.

Agora vamos às personagens. Não foi apenas a Harley que foi emancipada por aqui, viu? Sim, grande parte das personagens estão empoderadas? Estão. Origens delas foram bem trabalhadas? Grande parte sim, mas temos ressalvas. Sobre Harley Quinn: bom, aqui a Harley e Joker terminaram e o jeito de superação do término, foi ótimo. Eles encontraram um jeito muito interessante aqui e eu amei. Temos novos detalhes da origem da Harley!!!! Em Esquadrão Suicida, vimos que ela foi a rainha de Gotham e “que Deus proteja quem desrespeitasse a rainha”. Por aqui, ela ainda possuía essa influência de Joker, mas isso logo muda. Ela se torna livre, sem qualquer tipo de amarra, encontra um novo amor e conhece mulheres com seus respectivos problemas. Temos vários easter eggs aqui da personagem tanto da animação do DC Universe, até a HQ solo dela. Margot Robbie nasceu para o papel e isso é FATO. Pulamos para Dinah Lance, a nossa Canário Negro. Jurnee Smollett-Bell detona com a Dinah, mas no bom sentido, ok? Badass, segura de si, dá cara tapa e luta pelo que é certo. Em quesito desenvolvimento da personagem foi um ótimo desenvolvimento, a origem está ali, mas poderia ter um pouquinho mais de detalhes da origem e de certas habilidades que completariam o arco dela. Mas fiquem tranquilas, isso não é muito grave, pois há muitas coisas boas que se sobreassem. Muitas! E sim, Jurnee vai calar a boca de muita gente que reclamou dela ser a Dinah Lance negra. Um adendo* Jurnee cantando é absolutamente encantador. Helena Bertinelli, a Caçadora. Definitivamente uma das personagens que mais gostei. A origem dela foi mais trabalhada e completinha das passarinhas, com uma pequena mudança nela. A personagem não aparece tanto, mas quando aparece!!!!!!!!! Debochada, com sede de vingança, badass e uma lutadora excepcional, Mary Elizabeth Winstead arrebentou como Helena! Como Margot Robbie nasceu para ser a Harley, a Mary também nasceu para ser a Helena. Reneé Montoya, uma detetive que teve seu tapete puxado por seu parceiro e subestimada por toda a delegacia de polícia. No filme, ela é abertamente lésbica e é nos apresentado brevemente a ex-namorada dela. A origem dela também foi bem desenvolvida, mostrando seu lado alcoólico, seu comprometimento com o trabalho e infelizmente piadinhas de mau gosto feitas pelos seus colegas de trabalho. Rosie Perez entregou uma ótima Reneé! Deixei a última personagem feminina por último por uma razão: ser o ponto negativo. Cassandra Cain aqui, eu estou tentando entender até agora qual foi o motivo dela estar aqui além dela juntar as passarinhas e a Harley. O arco que envolve ela poderia ter sido feito com qualquer outra personagem. A origem dela é completamente diferente aqui e achei desperdício tremendo. Se vocês querem algum ponto em comum com sua origem, é absolutamente um detalhe e que mesmo assim é jogado a Deus dará. Eu definitivamente não gostei da Cassandra por aqui. Ela poderá ter algum futuro no DCEU daqui pra frente? Pode sim, mas eu espero muito que ela se torne a personagem que nós conhecemos nos quadrinhos. Em relação a Ella Jay, ela atuou super bem para o seu primeiro filme! Eu gostaria de ver mais Ella como Cassandra, mas infelizmente o roteiro deu uma pecada nela.

Da esquerda para direita: Reneé Montoya (Rosie Perez),  Caçadora (Mary Elizabeth Winstead ), Cassandra Cain (Ella Jay Basco), Harley Quinn (Margot Robbie) e Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell) (Warner Bros/Reprodução)

Todas as passarinhas (foco em passarinhas) deixaram um gostinho de quero mais. A dinâmica de todas as personagens em grupo foi extremamente ótima e percebemos que cada atriz realmente entrou de cabeça em cada personagem, o que isso é ótimo, o comprometimento delas com as personagens. Mas isso não fica apenas nas mulheres, os homens também estão parabéns. O que falar de Ewan McGregor? Absolutamente NADA. Ele simplesmente arrebentou, roubou e surpreendeu como Roman Sionis/Máscara Negra. Pensa num vilão (desculpem o palavrão) FODA, bem trabalhado? Foi o Máscara Negra. A base da origem dele estava lá, tivemos algumas adições e que foram super condizentes com a origem dele (uma em questão que se refere à paixão por máscaras). Você entende a motivação dele por certas coisas e do por que dele ser o novo chefão de Gotham. Mas Natália e sobre a sexualidade de Roman? Sim, ele é boiolinha, mas isso nada interfere dele ser um puta vilão. Ele tem uma presença gritante no filme e você fica até um pouco receoso do vilão toda vez que ele aparece, devido à atuação esmagadora de Ewan McGregor e a trilha do Roman. Melhor vilão disparado do DCEU. Roman não fica sozinho nessa, também temos o “melhor amigo” dele, o Victor Zsasz. Zsasz é o “companheirinho” de Roman e temos poucos detalhes da origem dele por aqui: psicopata, leal ao seu “chefe” e nada menos importante de que ele marca o número de vítimas no seu corpo. Chris Messina não desaponta e entrega um Victor Zsasz que mete medo mesmo! A dinâmica de Roman com Zsasz é maravilhosa! Nunca que iríamos imaginar dois vilões do Batman sendo retratados dessa forma e digo, arrancando elogios.

Da esquerda para a direita: Victor Zsasz (Chris Messina) e Roman Sionis/Máscara Negra (Ewan McGregor) (Warner Bros/Reprodução)

Bom, a trilha sonora de Aves segue a mesma vibe que Esquadrão Suicida (que felizmente foi uma das únicas coisas boas daquele filme) nos deu. Além da trilha sonora do próprio filme, temos adições de novas trilhas, essas já conhecidas pelo público, como por exemplo, a música ‘Woman’ da Kesha. Tanto as trilhas instrumentais (de novo menciono a trilha do Máscara Negra pois perfeita) quanto as cantadas, são colocadas nos momentos certos, sem trilhas jogadas à qualquer cena. A combinação da trilha com os arcos fazem de um conjunto perfeito. Cenas de ação? Bom, se você gostou de John Wick, você vai amar as cenas de ação de Aves de Rapina, pois o coreógrafo de lutas de John Wick é o mesmo daqui. Você vê sangue, vê ossos quebrados, vê acrobacias, vê sequências de ação enlouquecedoras (temos duas ali que meus parabéns). As cenas de ação te tiram do fôlego total! Mas isso não se deve apenas ao coreógrafo, se deve a visão da diretora Cathy Yan. Cathy Yan entrou para o meu time de diretoras favoritas e que irei acompanhar daqui pra frente. Você reconhece a diferença que faz de um filme onde as personagens femininas não são sexualizadas, mas sim empoderadas. A Cathy ela sabe como passar a força de uma personagem feminina através de uma tela de cinema. Diferente de Esquadrão, Cathy deu uma visão super poderosa para cada personagem. Posicionamento de câmera, tons do filme, essa força através da tela, tudo isso foi graças a Cathy, que nos deixou esse filme como um presentão. Margot Robbie não está de fora dessa, já que ela batalhou muito por esse filme, por ter uma diretora no comando, uma roteirista e por trazer essas personagens por aqui.

Por trás das câmeras: Margot Robbie, Rosie Perez e a diretora Cathy Yan (Warner Bros/Reprodução)

Como eu disse inicialmente: esse filme era aquele filme que estávamos esperando há muito tempo, principalmente nós mulheres. Obrigada Warner/DC por aceitar a proposta que Margot Robbie fez há muito tempo atrás. Obrigada Margot por lutar e fazer isso acontecer. Eu recomendo e MUITO esse filme, entrando no top 5 facilmente. Com toda certeza, Sereias vai acontecer (torcendo muito para que a Cathy se interesse e o dirija) e espero que spin-offs de outras personagens femininas aconteçam. Essa nova Era da DC nos cinemas, é de aplaudir em pé. Tenham esperança, porque esse caminho está sendo glorioso e espero que continue assim.

A classificação por aqui é +16, então vocês logo imaginam que há muitas cenas violentas, palavrões e tudo mais, certo? Entrem na sessão tendo em mente que verão cenas que possam te “incomodar”. E sobre pós-créditos? Não temos, porém quem assistiu a animação da Harley do DC Universe, eu ficaria para ver depois dos créditos, viu?

Aves de Rapina (Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa) estreia amanhã em todos os cinemas brasileiros. CORRA para assistir e aproveite muito o filme. Eu te dou absoluta certeza que você vai amar e querer assistir mais vezes!

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